Por Roberto Rachewsky, publicado pelo Instituto Liberal
Ninguém pode ficar feliz quando alguém perde a sua fonte de renda, salvo quando isso ocorre com aqueles cuja fonte de renda proporciona ganhos imerecidos.
Demitir sem justa causa é uma das maiores perversões linguísticas que temos em português. Diz-se demissão por justa causa quando o demitido incorre em falta grave como se isso fosse o único fator que merecesse ser levado em consideração para justificar uma demissão.
Não há nenhuma outra justificativa mais importante para uma demissão do que a vontade de quem criou e ofereceu a oportunidade de trabalho a alguém e, de repente, resolveu mudar de ideia rescindindo o contrato por motivos que são da sua exclusiva competência, tipo a dificuldade de manter alguém empregado por falta de recursos, muitos deles consumidos com impostos utilizados em coisas sem sentido, por problemas gerenciais, por problemas de relacionamento com essa pessoa ou pela simples vontade de não querer mais.
Toda demissão tem uma justa causa, mesmo quando ela não provém de algum malfeito da pessoa que está sendo desligada. Defender o próprio interesse, reduzindo custos, simplificando processos, afastando pessoas com as quais não se tem simpatia ou confiança na capacidade é uma causa justa para uma demissão.
Demitir alguém é sempre um processo doloroso. Quando vemos pessoas tentando se apegar a empregos sem que esses empregos resultem em criação de valor, mas pelo contrário, são destruidores de valor, consumidores vorazes de recursos que poderiam servir para a geração de empregos para pessoas que realmente criariam valor se empregadas estivessem, não dá para ficar triste quando elas perdem seu emprego, ainda mais quando esse emprego é sustentado por impostos que acabam eliminando vagas onde a criação de valor e riqueza é possível, o que exclui o governo.
Cada um desses que ocupam cargos e funções que não geram valor e ainda destroem riqueza e que são pagos através dos recursos obtidos da população mediante coerção, quando perdem seus empregos é motivo de felicidade para todos, sim.
Não sejamos hipócritas. Não são as demissões que são sem justa causa, nesses casos, são as contratações e a manutenção desses empregos que não se justificam. Demissões e mais demissões têm ocorrido no setor privado e essas demissões são sem justa causa porque tem ocorrido em decorrência do estatismo crescente que vemos no país.
A causa injusta das demissões daqueles que criam valor e não têm estabilidade porque trabalham submetidos à realidade, normalmente percebida e levada em consideração apenas no setor privado, é a incapacidade do governo de se sensibilizar com a opressão que empresas e trabalhadores sofrem com suas políticas restritivas e confiscatórias.
Para o governo, quando um trabalhador do setor privado perde seu emprego, isso vira estatística. Para o setor privado, quando um servidor público perde seu emprego, cresce a possibilidade de que sobre mais recursos para serem investidos em inovação, produção e comércio de riquezas.
Há justa causa quando fecha-se uma vaga de empregos no setor público, é um a menos vivendo com ganhos imerecidos amealhados através da coerção daqueles que criam valor quando exercem sua liberdade.
Comentário do blog: Acho importante quando libertários forçam o argumento para mostrar como custa caro manter os privilégios e os excessos do setor público, mas não aprecio generalizações deste tipo. Afinal, se devemos celebrar sempre que se fecha uma vaga no setor público, qualquer uma, pois é “menos um vivendo com ganhos imerecidos”, então teríamos de festejar a demissão de um juiz federal como Sergio Moro, por exemplo. Nem todo cargo público é imerecido, a menos que você seja um anarquista, contra a existência de qualquer estado, pois considera que todo imposto será sempre roubo. Essa visão anarquista não está exatamente alinhada com a tradição do pensamento liberal clássico, que defendo.
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