Um país precisa de um verniz institucional, ainda que por dentro se saiba das fundações imperfeitas, quiçá podres. É como salsicha: não queremos saber bem como são produzidas, desde que apresentáveis para consumo. O problema é quando até esse verniz se perde. Aí resta a anomia, a desesperança total, e a civilização, ainda que capenga, dá lugar à barbárie.
Os governantes abusaram por tempo demais do arbítrio, da impunidade, do poder. Não foi por falta de alerta que chegamos a essa situação caótica e preocupante. Provocação tem um limite de tolerância, e quando este é ultrapassado, a reação é forte e pode sair do controle. Essas imagens de bonecos de ministros do STF sendo queimados dão o tom assustador da coisa:
São mais de 60 mil homicídios por ano, quase 15 milhões de desempregados, esgarçamento moral completo, e o cínico do Lula, bandido responsável por essa desgraça, fazendo ameaças e manipulando os poderes para disputar nova eleição. Enquanto isso boa parte da imprensa destila seu viés esquerdista, protegendo esses marginais.
E vocês realmente acharam que o povo ficaria para sempre calado, como um pacato cidadão? Serenidade, ministra?! Não defendo uma intervenção militar (ainda), e espero que não chegue a isso, que essa não seja a única alternativa para se impedir um destino venezuelano ou uma guerra civil no país. Mas não há alegação mais alienada, mentirosa, cafajeste e falsa do que “as nossas instituições estão funcionando bem”.
Não estão! E o povo está cansado demais, indignado, revoltado, esgotado, querendo vingança e clamando por Justiça, além de emprego, valores morais e tudo mais. O editorial do Estadão tocou na ferida hoje:
A presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, veio a público, em pronunciamento anteontem na TV, para pedir “serenidade”. O apelo foi uma tentativa de acalmar os ânimos ante o clima de tensão envolvendo a sessão do Supremo que analisará, hoje, o pedido de habeas corpus do ex-presidente Lula da Silva. Embora louvável, a iniciativa da ministra Cármen Lúcia tende a ser tardia e inócua, pois quem quer que se sinta contrariado com a decisão do Supremo não reconhecerá a legitimidade do resultado. E isso só acontece porque o Supremo não vem se dando ao respeito, especialmente no que concerne ao caso do ex-presidente Lula.
De nada adianta a ministra Cármen Lúcia vir agora pedir que “as diferenças ideológicas não sejam fonte de desordem social” nem declarar que “problemas resolvem-se garantindo-se a observância da Constituição”, pois não é com platitudes como essas, por mais bem-intencionadas que sejam, que se desarmam espíritos exaltados nem muito menos se recobra a deferência perdida pelo Supremo. A máxima Corte do País está diante do grande desafio de recuperar a dignidade, arruinada desde que se acocorou perante Lula da Silva.
[…]
Quando disse confiar nas “instâncias superiores”, Lula tinha certeza de que ali, no Supremo, seu caso teria tratamento político – porque, do ponto de vista jurídico, não cabiam mais dúvidas sobre sua culpa. Infelizmente, o petista pode ter razão.
Diante disso, a Nação espera não ter que assistir hoje a um espetáculo que no entanto todos temem – a concessão de um indulto não apenas para Lula, mas para todos os condenados e réus nos mais graves crimes de corrupção que avassalaram este país. Que tal maracutaia – que poderia receber o nome de “princípio Lula” – não seja o desfecho que sugerem obscuras conversas de bastidores de políticos sem voto.
Todos tememos! E tememos pela resposta da população, pela reação de milhões de brasileiros que não parecem dispostos a simplesmente engolir mais esse ultraje, a rir de mais esse escárnio. O Brasil flerta perigosamente com o caos, e basta uma faísca para incitar o incêndio. Aqueles que lutaram não só contra essa esquerda golpista desde o começo como pela construção de instituições republicanas olham para tudo isso com profundo temor, mas sem espanto. Nós tentamos avisar que chegaria a esse ponto…
Rodrigo Constantino
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