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Quando a educação evoluirá no Brasil?

Por Heitor Machado, publicado pelo Instituto Liberal

A educação* como a conhecemos é o modelo de replicação de métodos ensinados por outras pessoas. Não estou aqui tirando o mérito de nenhum modelo de ensino, elas fizeram de mim o que sou hoje. Mesmo as matérias que considerei apenas  “para passar” e nunca utilizei na vida prática ou profissional, tiveram seu valor na minha formação como indivíduo.

Mas vejamos um breve histórico do ensino: num primeiro momento, os pais reuniam seus numerosos filhos (mesmo levando em consideração que a mortalidade infantil era enorme) e ensinavam a eles aquilo que era necessário para a vida: como e quando plantar, como e quando colher, quais frutas podiam ser comidas, como preparar animais para uma refeição, como fazer fogo e etc. Esse foi o cotidiano do homem por mais ou menos 10 mil anos desde que deixou de ser um nômade até bem próximo dos nossos tempos.

Então, na revolução industrial o trabalho evoluiu. A partir de agora, o homem inventou certas ferramentas que aceleravam um trabalho que antes levava várias semanas. Vale ressaltar que crianças também trabalhavam em fábricas na revolução industrial, não porque os patrões e pais eram cruéis, mas porque essa era a única opção viável. Para os pais era preferível que mais filhos fossem trabalhar em fábricas do que morressem de fome nos campos. Só com o aumento da produtividade foi possível proibir o trabalho infantil, pois os salários ficaram maiores. Essas crianças passaram a aprender como utilizar ferramentas que serviriam para sua vida prática. O ensino evoluiu mais uma vez.

Algum tempo depois a maioria das crianças não precisava mais trabalhar necessariamente. Seus pais já ganhavam o suficiente para dividir com a família. Os homens finalmente começaram a enriquecer. Depois de quase 10 mil anos condenados ao trabalho de subsistência, agora o sujeito podia se dar ao luxo de acumular riqueza. Tanta riqueza que podia deixar os filhos com tempo livre para apenas aprender coisas novas e desenvolver suas habilidades. Houve então a necessidade de lugares onde elas aprendessem seus ofícios. Vejam que naturalmente o uso da vantagem comparativa foi se estabelecendo, a ordem espontânea direciona o pai ao trabalho, a mãe à proteção e manutenção do lar e os filhos ao aprendizado. Outras pessoas que têm maior facilidade de transmitir o que deve ser ensinado se tornam professores. Lembre que a etimologia de palavra “professor” vem de professar, declarar.

Vemos então que a educação escolar básica tem uma relação direta com o trabalho ao longo do tempo. Quando as atividades eram basicamente camponesas, a educação era camponesa. Quando o homem se torna urbano, a escola também fica mais urbana e com isso o acesso ao conhecimento aumenta de forma significativa. Eis que surge a Internet e a sensação de que todo o conhecimento do mundo está na palma de nossas mãos. Em poucos minutos e usando uma ferramenta de busca é possível encontrar respostas para inúmeras questões. Esse amplo acesso à informação nos traz muitos benefícios, sem dúvida. Uma dúvida recorrente em muitos pais é saber quem está ensinando seus filhos a separar o que é boa informação daquilo que não é?

Na atividade docente ainda temos um anacronismo. Com exceção de uma ou outra iniciativa tecnológica como a substituição do mimeógrafo (procure no Google) pela impressora a jato de tinto para fazer provas; ou a substituição do quadro negro pelo projetor, não temos uma absurda mudança ou disrupção na hora de ensinar às crianças. Claro que existe uma problematização vinda diretamente das cabeças pensantes influenciadas por Paulo Freire. Na minha opinião, um dos responsáveis pelo Brasil ter sido o único país do mundo a ter o Coeficiente de Inteligência mais baixo  nas últimas décadas.

Minha questão é a seguinte: se já utilizamos a internet como fonte de conhecimento dia após dia e o ensino está intimamente ligado a ela, quando vamos evoluir para o estágio em que ensinamos as crianças a aprender com ela? As crianças e jovens já se interessam mais pela internet do que pela sala de aula. Pergunte a 10 professores e praticamente todos vão te responder que o principal inimigo deles hoje é o smartphone. Os jovens conseguem fazer uma “maratona” de 10 horas de 13 Reasons Why, mas não ficam 10 minutos prestando atenção à aula.

Vejo então que os professores já deveriam estar muito organizados para trazer o modelo que interessa ao jovem e o mantém na sala de aula. Precisamos de uma disrupção no modelo educacional ou ele estará condenado a não cumprir sua missão de ensinar.

Sugiro assistirem a este vídeo da palestra de Átila Iamarino do canal Nerdologia: https://www.youtube.com/watch?v=B_x8EccxJjU

Nota: Não gosto do termo “educação” para definir o quê acontece em escolas e na academia em geral. Por educação entendo um termo que é ensinado em família ou na menor comunidade social vivida por um indivíduo. Isso não tem simplesmente nenhuma ligação com ir para a escola aprender matérias todos os dias. 

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