Meu texto sobre a inveja que sinto de São Paulo por ter Alckmin cotado como provável vencedor já no primeiro turno, enquanto aqui no Rio terei de escolher entre Crivella, Garotinho e Lindbergh Farias, deu o que falar. Acho que despertei os mais primitivos sentimentos de “vira-lata” em meus companheiros cariocas, que logo vieram lembrar de Fernando Haddad, Tiririca, Celso Pitta, Maluf, Marta Suplicy e tutti quanti.
É vero, São Paulo não é nenhuma Brastemp. Principalmente a capital, que de vez em quando resolve apelar para um vermelho mais intenso. Mas parece inegável que os paulistas, em geral, desfrutam de uma visão política mais aguçada do que nós, cariocas “da gema”, que adoramos o que há de mais lixo na política nacional – ela mesma já um verdadeiro lixão.
Duvida? Acha que exagero? Então veja essa nova pesquisa da Datafolha: tanto Aécio Neves quanto Eduardo Campos venceriam Dilma em São Paulo hoje:
Tem um lugar no Brasil onde a rejeição da presidente Dilma Rousseff chega a 46%. Lá, 83% da população quer mudança, um percentual bem mais alto do que no resto do Brasil. E só 23% aprovam o atual governo.
Provavelmente por isso, tanto Aécio Neves (PSDB) quanto Eduardo Campos (PSB) venceriam Dilma num segundo turno, com folga, caso a eleição fosse realizada apenas entre os eleitores desse lugar –o tucano ganharia por 46% a 34%; o ex-governador de Pernambuco, por 43% a 34%.
É um lugar onde a opinião política do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, é mais influente que a do ex-presidente Lula (29% votariam “com certeza” em alguém apoiado pelo magistrado, enquanto 24% fariam o mesmo com o petista). E onde mais da metade dos moradores (54%) dizem sentir vergonha pela realização da Copa do Mundo no Brasil.
Esse lugar é o maior colégio eleitoral do Brasil, o Estado de São Paulo. Os dados são da pesquisa Datafolha realizada entre os dias 3 e 5 de junho em todo o Brasil, com um número de entrevistas grande o suficiente em São Paulo para uma análise mais precisa sobre o comportamento eleitoral dos paulistas.
Confessa, vai: não dá uma invejazinha dos paulistas? Enquanto 36% dos entrevistados fora de São Paulo julgam o (des)governo Dilma como ótimo ou bom, apenas 23% (de alienados ou malucos) em São Paulo dizem o mesmo. O quadro se inverte quando é para considerá-lo ruim ou péssimo: 39% dos paulistas pensam assim, contra apenas 25% no resto do país.
Na hora de declarar o voto, apenas 23% de paulistas vão de Dilma, enquanto 38% fora de São Paulo tem a intenção de reeleger a presidente. Curiosamente, essa rejeição (ainda) não se reverteu em votos para o candidato tucano, Aécio Neves, que goza do mesmo patamar de intenção de votos em São Paulo e no resto do país. Por isso o foco do PSDB no estado, de onde deve vir o nome do vice.
Quando analisamos esses dados, fica mais fácil entender por que São Paulo continua sendo o estado mais rico do país, não é mesmo? Eu não tenho vergonha de admitir que bate aquela invejazinha…
Rodrigo Constantino
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