“O presidencialismo no Brasil nasceu com um golpe militar que derrubou a Monarquia e proclamou a República em 15 de novembro de 1889. Diz-se que nesse dia o Brasil dormiu monarquista e acordou republicano. Desde lá, tivemos 34 presidentes e sete constituições republicanas. Assim como voltaria a acontecer em 1964, o golpe contou com o apoio das elites militar, política, econômica e intelectual. Era melhor o país não ter dormido”.
Eis como Bruno Garschagen começa o capítulo sobre o positivismo da República presidencialista brasileira, em seu excelente Pare de acreditar no governo. Garschagen, que não esconde suas simpatias monárquicas, argumenta que a Monarquia brasileira caiu por razões ideológicas e políticas, e não é um grande entusiasta do resultado republicano. Como culpá-lo? O que há, de fato, para se comemorar nessa trajetória republicana? Na verdade, que República?
República significa “coisa pública”, e era o modelo idealizado pelos “pais fundadores” americanos contra a simples democracia, que poderia se tornar uma “ditadura da maioria”, como alertara Tocqueville. Na República, ninguém está acima das leis, e temos um governo de leis isonômicas, não de homens com poder arbitrário, acima das leis. Uma rápida observada nos ilustres políticos brasileiros e logo ficará claro que temos qualquer coisa, menos uma República.
Tivemos mais um aniversário de nossa “República”, mas sem muito a comemorar. Dias antes, circulava um vídeo pelas redes sociais com José Dirceu sambando, o escárnio total para quem acreditou na Justiça. Seu ex-chefe, Lula, segue solto, apesar de condenado, fazendo campanha em caravanas para voltar ao poder e terminar de destruir de vez nossa economia e nossa democracia capenga, nos transformando logo numa Venezuela.
A impunidade ainda é a regra em nosso país, especialmente no alto escalão em Brasília. A quantidade de privilégios é simplesmente indecente. Enquanto isso, uma ministra, que diz ser negra e de periferia, considera-se escrava por não poder receber acima do teto – pouco mais de R$ 30 mil mensais! É deboche ou a turma da bolha simplesmente perdeu a noção da realidade?
Diante desse quadro, há um número crescente de brasileiros que desejam a volta da Monarquia. Não sei se é solução, mas tampouco deve ser algo ridicularizado: vários dos mais ricos países são monarquias, inclusive a Suécia, adorada pelos “progressistas” como o “socialismo que deu certo” (um mito, mas não vem ao caso aqui).
Em geral, sou cético com qualquer mudança milagrosa. É que o problema está muito enraizado em nossa cultura e nossas instituições. Não é mudando o regime que vamos eliminar esses vícios tão entranhados na alma brasileira. É só mudando o brasileiro mesmo.
Artigo originalmente publicado pela revista IstoÉ
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