Por Luan Sperandio, publicado pelo Instituto Liberal
A largada desta disputa presidencial se caracteriza pela liderança de Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede). Trata-se, justamente, dos 2 candidatos que possuem menos “recursos” para campanha entre os que disputam a vaga para o 2º turno. Por recursos entendem-se os mecanismos tradicionais que historicamente influenciaram os votos do eleitorado.
Nesse sentido, análise do Santander decifrou o poderio da campanha de cada candidato:
O questionamento principal que se faz é se esses candidatos conseguirão sustentar-se à frente das intenções de voto sem esses recursos. É preciso ter em mente que a maior parte do eleitorado ainda não decidiu em quem votará. Por outro lado, o peso dos mecanismos tradicionais para votos necessita ser relativizado: a corrida ao palácio do Planalto em 2018 será a mais curta desde a redemocratização, com apenas 37 dias de exposição na televisão até o 1º turno.
Além disso, embora não se deve desprezar o tempo de televisão, pesquisa recente do IBOPE mostrou que o maior canal de influência no voto do brasileiro atualmente são, por pequena margem, as redes sociais.
Verificando a opinião de representantes de 3 das maiores consultorias que atuam no mercado que analisa eleições, MCM, Arko e Eurasia Group, todos acreditam que os recursos tradicionais ainda terão maior peso nestas eleições. A falta de prefeitos, coligações, tempo de televisão e fundo eleitoral, portanto, representam risco considerável para o sucesso da campanha de Bolsonaro e Marina; ao passo que tendem a favorecer as candidaturas de PT e PSDB, repetindo-se a polarização das últimas eleições.
As pesquisas qualitativas mostram, segundo o analista Ricardo Ribeiro, que não obstante o eleitor ansiar por um candidato que represente mudança, ele também tende a privilegiar a experiência. Isso ocorre, sobretudo, entre o eleitorado de menor renda.
Outra incógnita do jogo político é o Partido dos Trabalhadores – agremiação partidária cuja preferência representa um quinto do eleitorado. O PT possui a narrativa do Golpe Parlamentar e de que o ex-presidente condenado Lula é um perseguido político, encantando parcela considerável do eleitorado. Ademais, detém uma plataforma partidária fragilizada em relação a 2014, porém ainda forte, bem como o tempo de televisão. Esses recursos tendem a colocar o candidato do partido no 2º turno. Quanto mais cedo a candidatura de Fernando Haddad seja oficializada, mais provável de isso ocorrer. A candidatura de Ciro Gomes, portanto, provavelmente sofreu um revés irrecuperável nos bastidores.
Vale considerar que Jair Bolsonaro têm narrativa, mas não estrutura; ao passo em que Geraldo Alckmin é o que possui maior estrutura, mas sem uma narrativa que tenha encantado o eleitorado ainda.
Há pesquisas que mostram que a principal preocupação dos eleitores é a corrupção e o desemprego. 4 anos de Lava Jato fizeram com que a integridade seja uma qualidade nunca antes tão apreciada pelo eleitorado. Todavia, no nordeste – onde o PT vai melhor e o contingente de desempregados é maior -, há menor preocupação com corrupção. O eleitor do PT considera que a corrupção é generalizada (“Todos são corruptos”), mas apenas Lula está preso, isto é, sendo injustiçado, perseguido pelo poder Judiciário.
Segundo o cientista político Chris Garman, para o Partido dos Trabalhadores é melhor disputar o 2º turno com Jair Bolsonaro. Isso porque, tal como o PT, ele também possui enorme apoio de parcela do eleitorado, porém vários passivos, como a inexperiência administrativa, forte rejeição de outra fatia dos eleitores e declarações controversas. O melhor cenário para Bolsonaro, vale ressaltar, seria estar no 2º turno contra o Partido dos Trabalhadores também. Embora vá mal nas pesquisas até o momento, Geraldo Alckmin é analisado como o menos frágil no 2º turno, tanto se disputasse contra Haddad, tanto quanto se disputasse com Bolsonaro. Então a estratégia petista deve ser atacar o tucano, sobretudo tentando “colar nele” a ideia de que Alckmin é o real representante do governo Temer.
Se Alckmin quiser estar na disputa em outubro, sua campanha não pode patinar na largada – como ocorreu com a de Aécio Neves no início do 1º turno em 2014. Por fim, em que pese a aposta do mercado de eleições na repetição da polarização PT e PSDB, nenhuma das consultorias acredita que mesmo sem máquina Bolsonaro não seja competitivo, graças às redes sociais. E nenhuma delas descarta que, entre as imprevisibilidades possíveis para os próximos 50 dias, elas não ajudem a colocar Bolsonaro no 2º turno. De toda sorte, mesmo que ele não supere o primeiro turno, acredita-se que o fenômeno do Bolsonarismo esteja presente e influencie a política nacional pelos próximos anos.
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