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Um dos argumentos mais frequentes do lado estatizante é alegar que, sem a presença estatal, grandes investimentos nunca serão feitos. Afinal, pela lógica dessa turma, o empresário só pensa em lucro no curto prazo, enquanto o estado visa aos interesses nacionais lá na frente.

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Claro que é o inverso: o estado é dominado por políticos que precisam ser eleitos, o que torna seu foco míope e eleitoreiro, enquanto empresários costumam mirar num horizonte bem distante, de olho no valor presente de seu ativo, na herança de seus filhos e em seu próprio legado.

A história nos mostra que grandes feitos foram realizados pela iniciativa privada. As ferrovias transnacionais, as enormes siderúrgicas, as empresas petrolíferas, tudo isso começou com o setor privado, não com o estado. E o mesmo pode ser dito agora em relação à exploração espacial:

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Num feito histórico na era espacial, a empresa americana SpaceX – do cientista multibilionário Elon Musk – conseguiu realizar o pouso de seu foguete Falcon 9. É a primeira vez que um foguete vai ao espaço e retorna em pouso vertical, um feito inédito na história espacial motivado pelo objetivo de reduzir custos e de transformar os foguetes em naves com possibilidade de reutilização.

A SpaceX lançou o Falcon 9 para transportar 11 satélites à órbita baixa da Terra, e depois conseguiu fazer retornar ao planeta a primeira fase do lançador.

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Recuperar o primeiro estágio do foguete Falcon 9 permitirá à SpaceX poupar muito dinheiro, já que atualmente os componentes destes aparelhos custam milhões de dólares e são destruídos após cada lançamento.

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O feito marca a volta triunfante da SpaceX ao negócio de foguetes, em sua primeira missão desde um acidente devastador em meados do ano. No dia 28 de junho, um Falcon 9 explodiu dois minutos após ser lançado, destruindo uma nave de carga não tripulada Dragon com provisões para os astronautas que vivem na Estação Espacial Internacional (ISS).

Essa comemoração efusiva é típica de quem colocou a alma no negócio, de quem se arriscou para colher os frutos do sucesso, de quem sabia que o futuro da empresa e o seu próprio dependiam dessa conquista.

Quem foi que disse que o setor privado não vai para o espaço? Vai sim, e com mais eficiência do que o estado. Com recursos próprios, sem meter a mão no bolso do “contribuinte”. Será que é preciso mesmo ter a mão visível estatal atuando em setores intensivos em capital e extremamente arriscados? Quem repete isso coloca um dogma acima dos fatos. Está na hora de rever seus conceitos. E de mandar o governo para o espaço!

PS: Em Privatize Já, eu havia comentado sobre esse avanço privado na exploração espacial, citando justamente o caso da SpaceX:

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Em maio de 2012, a Space Exploration Technologies (SpaceX) tornou-se a primeira empresa a lançar uma cápsula destinada à Estação Espacial Internacional. Já é o seu terceiro lançamento bem-sucedido. Aquilo que era monopólio de governos e militares acabou cedendo espaço ao setor privado.

Em junho de 2004, um pequeno grupo de engenheiros na Califórnia já tinha feito história quando sua SpaceShipOne completou o primeiro voo espacial privado. O projeto tinha a assinatura de Burt Rutan, conhecido inventor e inovador da indústria aérea, e foi elaborado do zero e financiado com um orçamento de US$ 20 milhões bancado pelo fundador da Microsoft Paul Allen, ex-sócio de Bill Gates.

Esses rápidos avanços no espaço demonstram como a Nasa pode ficar obsoleta com o tempo. É verdade que hoje a própria Nasa ainda financia alguns projetos privados, mas estes se mostram mais eficientes no uso dos recursos do que a estatal.

Rutan frequentemente critica a Nasa por sua falta de inovação e seus projetos altamente caros pelo resultado que oferecem. Além disso, ele argumenta que a Nasa não foca em voos mais seguros ou baratos, preferindo projetos complexos com base em versões modernizadas de veículos antigos.

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Vários grupos privados pretendem lançar espaçonaves nos próximos anos. Um dos projetos mais agressivos é o do grupo Virgin, de Richard Branson, que pretende investir US$ 100 milhões em um programa para levar turistas ao espaço, pelo custo de US$ 200 mil a viagem.

Seus sonhos voam tão alto que ele pretende, no futuro, construir um hotel espacial. Seria o desenho Os Jetsons saindo da ficção para a realidade. Não há nada de errado com sonhos megalomaníacos, desde que o sonhador pague a conta.

Mas isso não é tudo! Um grupo de bilionários está planejando uma operação de mineração em asteroides. O projeto de milhões de dólares prevê o uso de espaçonaves robóticas para extrair componentes químicos usados em combustíveis, além de minerais como platina e ouro. Minerais raros também serão prospectados.

Entre os envolvidos nos planos está o cineasta americano e explorador James Cameron, além de um dos fundadores do Google, Larry Page, e seu presidente executivo, Eric Schmidt. O objetivo será abrir a exploração do espaço para o setor privado da indústria.

Esta “privatização do espaço” é um golpe naqueles que repetem que os grandes projetos necessitam sempre do estado por trás, devido aos altos custos fixos. Se até o espaço pode ser ocupado pela iniciativa privada, nem o céu é mais o limite para o que o mercado pode realizar sem a dependência do estado.

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Rodrigo Constantino