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Quem são os hooligans no espectro político brasileiro?
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Por Heitor Machado, publicado pelo Instituto Liberal

Vivemos tempos de polarização. Isso não é segredo para ninguém que fique 10 minutos do seu tempo nas redes sociais por semana. Para muitas pessoas, quem não é libertário, é socialista; quem não é nacionalista, é adepto do socialismo fabiano; quem não é direitista, é petralha; quem não é petista, é coxinha; e assim vai.

Atualmente eu arriscaria um palpite de que há em torno de 200 milhões de posições políticas diferentes no Brasil. Se você não concorda comigo, você provavelmente seja o oposto daquilo que eu acredito e merece sofrer todas as consequências disso! Percebeu como a afirmação anterior não fez o menor sentido? Claro que do desejo à atitude, existe um abismo. Algo similar ao universo do futebol com a diferença entre a torcida comum e os hooligans.

A torcida corresponde aos que desejam um futuro melhor para o país. Meu desejo, por exemplo, é que exista um respeito tão grande à propriedade privada que cause inveja à Suíça dos Cantões. Acredito que é dessa forma que atingiremos melhores resultados como sociedade: menos pobreza, mais qualidade de vida, menos vítimas, mais pessoas prósperas. Existem sujeitos que desejam a moralidade total, existem aqueles que querem a igualdade plena, existe quem sonha com um estado eficiente. Até aí, o mundo é cheio de aspirações e viver em sociedade é permitir que todos tenham seus próprios desejos na busca pela felicidade.

Até aqui, creio que independente de onde você acredita estar no espectro político, nós concordamos. Aonde começa o desconforto? Surge quando você tem uma certeza tão absoluta que a sua crença é melhor que a minha que está disposto a me forçar a aceitar o que você quer. Eu chamo esse indivíduo de hooligan, por conta daqueles membros de torcidas organizadas que se envolviam em brigas e até matavam quem não torcesse pelo mesmo time.

A torcida faz parte do jogo e não existe qualquer problema que elas estejam apoiando seus jogadores, mostrando suas camisas, gritando “Obina é melhor que Eto’o” (não era) e chamando a mãe do juiz com palavras de baixo calão. Já o hooligan não aceita isso, ele quer hegemonia e faz de tudo para parecer o único detentor dos melhores valores possíveis. Ele pensa: “Meu político vai pra Tókio e se você não está comigo, você deveria estar na Série D”. E a série D é o time de várzea, vai jogar descalço, nunca vai ser merecedor da taça. Se você não está conosco, então está contra nós.

Caro hooligan, “feio é não fazer gol”.

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