O terrorismo islâmico continua chocando o mundo, dessa vez ao matar 22 pessoas, principalmente meninas adolescentes, num show pop em Manchester. Já escrevi textos apontando para os cúmplices indiretos desse terror no próprio Ocidente: os que enaltecem o multiculturalismo, os que chamam qualquer tentativa de maior controle nas fronteiras de “xenófobos”, os que acusam toda crítica ao Islã de “islamofobia”, os que impuseram o politicamente correto que fez com que vizinhos tivessem receio de reportar atitudes suspeitas do terrorista para não serem acusados de “intolerantes” etc.
Alexandre Borges também escreveu um ótimo texto sobre como os muçulmanos britânicos pensam, o que deixa claro que a tese de “Islã moderado” precisa ser questionada, uma vez que números expressivos aplaudem coisas completamente bizarras para a cultura ocidental. As pesquisas realmente comprovam que não é possível ser complacente com a “invasão islâmica” no continente:
Estes dados perturbadores mostram que uma parte nada pequena da comunidade muçulmana no Reino Unido tem idéias incompatíveis com as leis britânicas, com as tradições, valores e costumes ocidentais. Alguns deles simpatizam ou apóiam ações terroristas, querem viver em enclaves dentro do território britânico e não demonstram qualquer inclinação para assimilar os valores do país anfitrião. Não se pode falar em “preconceito” quando os próprios muçulmanos revelam abertamente suas opiniões.
Mas vejam, caros leitores, que espanto: o psicanalista Contardo Calligaris, que se diz “anarquista” (mas é, no fundo, esquerdista), aponta em sua coluna de hoje na Folha para uma suposta quinta coluna do terrorismo islâmico dentro do Ocidente, mas não pensem que se trata dessa turma mencionada acima! Não, nem de perto!
Para Calligaris, os cúmplices dos terroristas são… os conservadores que acreditam na degradação de valores morais, no hedonismo moderno como fator de alienação, que a geração atual anda muito promíscua, e em valores morais minimamente universais. São essas pessoas terríveis que estariam fomentando o terrorismo islâmico, segundo o psicanalista.
“Parabéns, seu ódio pelos valores cruciais de nossa cultura confirma e sustenta o ódio de quem nos mata indiscriminadamente”, conclui Calligaris. Ou seja, os “valores cruciais” da “nossa” cultura, pela estranha ótica dele, são justamente o hedonismo, a promiscuidade, a permissividade, o relativismo moral e a “modernidade líquida”, expressão utilizada por Zygmunt Bauman.
Esqueçam todos aqueles que impedem qualquer crítica séria ao Islã, que alegam que “todas as culturas são iguais”, que as fronteiras devem ficar abertas, escancaradas, que os “refugiados” devem ser acolhidos de braços abertos e que o terrorismo é consequência das “desigualdades sociais” em atos de “lobos isolados”. Esses não preocupam Calligaris. Não são da quinta coluna.
Mas a velhinha que, mesmo sem ter lido Bauman (por acaso um sociólogo de esquerda), acha que o pêndulo extrapolou, que a garotada anda precisando de mais limites, que o resgate de valores morais é uma boa causa, que esse “vale tudo” e essa sexualização precoce prejudicaram a juventude, e que sim, até mesmo o bom e velho cristianismo teria um papel a exercer na recuperação do Ocidente cristão, essa é a primeira da fila na quinta coluna que auxilia os terroristas islâmicos.
Como alguém se senta num divã de um psicanalista desses para tratar da cabeça, em vez de analisar a cabeça do próprio psicanalista, é para mim um mistério…
Rodrigo Constantino
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