Presidentes de sete partidos — PMDB, PSDB, DEM, PSB, PP, PR e PSD — com o apoio do PTB que não esteve na reunião no gabinete do presidente interino do PSDB, Tasso Jeiressatti (CE), fecharam um pacto para aprovar, em regime de esforço concentrado, uma mini reforma política que prevê a criação do fundo de financiamento da campanha de 2018 e a PEC que institui cláusulas de barreira e fim das coligações proporcionais. Com uma estimativa inicial de R$ 3,5 bilhões, o fundo terá como parâmetro 50% dos gastos globais da eleição de 2014 para presidente da República, governador, senador e deputados.
A construção da proposta que deverá ser votada em urgência ainda no primeiro semestre no Senado, ficou a cargo do líder do governo Romero Jucá (PMDB-RR) e deverá ser apresentada já na próxima semana. O fundo, que será constituído só em anos eleitorais, deverá ser composto por uma parte do Orçamento Geral da União e também de emendas parlamentares. Além do fundo de campanha eleitoral para substituir o fim do financiamento privado, os partidos continuarão recebendo as fatias do Fundo Partidário, que é mensal.
Segundo Jucá, na reunião se discutiu também o calendário de votações dessas propostas. Estiveram na reunião agora a tarde o ministro das Comunicações Gilberto Kassab, presidente do PSD; Romero Jucá, presidente do PMDB; senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP; Tasso do PSDB, senador José Agripino Maia (RN), presidente do DEM; Carlos Siqueira, presidente do PSB e o senador suplente Antônio Carlos Rodrigues, presidente do PR.
— Um fundo eleitoral que será criado e tudo tem que estar votado e publicado até o final de setembro por causa da regra da anualidade na legislação eleitoral. Vamos criar um sistema que seja da compreensão da população, não podemos continuar como estamos, o sistema atual de financiamento de campanha caiu por terra. Tem que ser recolocado algo muito transparente, sistematizado, com menos gastos, de uma forma que o povo entenda — explicou Jucá.
Ou seja, vamos colocar ainda mais recurso público nesse sistema fechado e corrupto dos grandes caciques políticos. É isso mesmo?! Essa turma do andar de cima perdeu qualquer elo com a realidade, e também a noção do perigo. Se continuarem provocando assim a população, os que pagam a conta, isso não vai acabar nada bem.
João Dionísio Amoedo, presidente do Partido Novo, que sempre declarou que abriria mão desse “fundo partidário” pois ele representa a estatização da política, comentou:
A grande maioria dos nossos políticos, por corrupção, por incompetência ou pelo dois, merece ser demitida. A proposta – em um país em crise, com 14 milhões de desempregados – de transferir para partidos mais R$ 3.500.000.000,00 é inaceitável. A conclusão é obvia: se precisam de tanto dinheiro para propaganda (eleitoral) é porque o produto é muito ruim. Em 2018 vamos fazer a nossa parte e mandar essa turma para casa.
De fato, parece que esse pessoal só consegue mesmo se “vender” por meio de propinas ou verba estatal. Quer dizer que a população, voluntariamente, não quer bancar esses políticos, essas campanhas? Quer dizer que para continuar mentindo, enganando e concentrando poder é preciso meter a mão no bolso do trabalhador antes mesmo de chegar ao governo, para continuar fazendo isso de forma ainda mais escancarada depois?
O abuso da classe política já passou de qualquer limite do tolerável. Estão brincando com fogo, fomentando uma revolta que poderá sair de controle. O argumento de que sem esses recursos públicos o caminho ficará livre para traficantes ou celebridades não vale, pois depõe contra a própria democracia, ao assumir como premissa que o eleitor é um completo idiota.
Se esta é a premissa, então é melhor adotar logo uma monarquia, porque é ridículo pensar que a solução seria tomar ainda mais dinheiro do eleitor boboca para dar aos caciques dos grandes partidos, não? Ou alguém acha que Lula, Temer e Aécio são os melhores guardiões dos interesses do povo?
Rodrigo Constantino