O presidente americano, Donald Trump , recomendou ao Reino Unido que deixe a União Europeia sem obter um acordo e sem pagar os US$ 50 bilhões que deve ao bloco, caso os parceiros europeus não atendam a suas exigências. Ele deu entrevista ao jornal Sunday Times às vésperas de sua chegada ao Reino Unido, nesta segunda-feira.
“Se você não consegue o acordo que quer, se não consegue um acordo justo, então vá embora”, disse Trump em referência ao Brexit. Trump elogiou bastante Nigel Farage, cujo ativismo foi fundamental para a vitória do Brexit, e cujo partido conquistou o maior crescimento em cadeiras no Parlamento Europeu.
Os britânicos estão cansados da indecisão e incompetência dos Conservadores sob Theresa May, que não foram capazes de negociar um acordo para a retirada do Reino Unido da União Europeia, conforme decisão em plebiscito popular. O establishment no fundo desejava continuar no bloco. Mas a população prefere uma saída sem acordo do que alternativas como novo plebiscito, o que colocaria em xeque o respeito à democracia.
Não por caso os Conservadores foram os que mais sofreram nas eleições, e Boris Johnson, uma espécie de Trump britânico, tem chances de ser o próximo primeiro-ministro pelo partido. Terá enorme desafio se vencer. Mas boa parte do povo não cai no alarmismo de que uma saída sem acordo será catastrófica para a economia britânica. A respeitada revista The Spectator já escreveu sobre isso, e essa semana recomenda que os políticos britânicos escutem mais Trump, cuja gestão tem produzido bons resultados:
É muito fácil descartar e deplorar Trump – e podemos esperar que muitos políticos tradicionais façam exatamente isso na próxima semana. Eles seriam melhor aconselhados a perguntar o que fez dele um político tão bem-sucedido e como a Grã-Bretanha deveria aceitar a mão de amizade que ele oferece.
Não obstante, há esquerdistas que têm aconselhado a rainha a não receber o presidente americano, do país que é o maior aliado britânico, na semana que se comemora o Dia D da Segunda Guerra. Isso mostra o grau de paranoia e hipocrisia dos trabalhistas. Em 1978, a rainha recebeu o ditador comunista romeno Ceaușescu, convidado pelo então primeiro-ministro trabalhista. Já recebeu também Robert Mugabe, o ditador do Zimbábue.
Mas eis que os atuais esquerdistas consideram um absurdo a rainha receber Trump! Alguém surpreso com o avanço de Nigel Farage ou de Boris Johnson?
Rodrigo Constantino