A marca registrada dos pacifistas é a seletividade hipócrita. Israel, por exemplo, é alvo de ataques terroristas islâmicos há décadas, e nunca tem o direito de defesa, segundo os humanitários. Quando resolve agir para proteger sua população, é alvo de ataques na “infowar” liderada pelos progressistas: reação desproporcional.
O mesmo vale para os Estados Unidos. Aviões-bomba explodem o prédio mais alto da nação, símbolo de sua pujança capitalista, matando três mil inocentes? Se os americanos resolvem reagir, especialmente se o presidente é o “cowboy” Bush, sai de baixo: uma chuva de ataques vai acusar que se trata de uma reação desproporcional.
Mas não esperem a mesma reação quando a França é o alvo de ataques, e seu presidente é um socialista. Por algum motivo, a França goza de uma licença que os Estados Unidos e Israel não gozam. O presidente Hollande disse que os ataques em Paris foram uma declaração de guerra, e nem esperou para iniciar bombardeios na Síria, em busca de bases do Estado Islâmico. Se fossem os americanos, a reação seria automática: reação desproporcional.
Só que o caso francês não é o mais escandaloso ao expor a seletividade hipócrita dos humanitários. A Rússia tem um salvo-conduto ainda maior. Parece que quanto menos livre for o país, mais benevolência os pacifistas têm. Médicos alegam que os bombardeios russos já destruíram quatro hospitais sírios. Provavelmente muitos dos feridos sírios serão tratados… em Israel, como eu mesmo verifiquei quando estive por lá.
E a reação da esquerda? Silêncio, como faziam silêncio quando os russos detonavam sem dó nem piedade os chechenos em verdadeiros massacres. Ah, se fosse Israel! Ah, se fosse o Tio Sam! Existe uma redoma que protege certos países, enquanto Israel e Estados Unidos são sempre culpados, não importa o que façam. Quem observar atento o que se passa perceberá que as bandeiras humanitárias não são o foco verdadeiro dessa gente. Condenar os americanos e os israelenses, sim. É uma reação desproporcional, sem dúvida.
Rodrigo Constantino