Deu no blog “Gente Boa”, do GLOBO:
Do editor Carlos Andreazza, depois de ler em “Gente Boa” a notícia sobre atores rejeitando papéis no filme sobre a Lava-Jato. “Isso é típico do mundo da cultura no Brasil. Não se recusa um papel por ele ser ruim, mas por medo da repercussão política no meio artístico, por receio do que a patota pensará, por temer ser preterido em trabalhos controlados por militantes”, diz.
Segue a história
Andreazza, que publicou livros de nomes da nova direita, como Rodrigo Constantino e Kim Kataguiri, e de antigos conservadores, como Olavo de Carvalho, diz que a patrulha é generalizada. “Sofro isso como editor também. Se você não se comportar de um jeito, tende a ser estigmatizado politicamente.”
O que o caso expõe às claras é aquilo que todos nós já sabemos: como ainda é difícil um ator “sair do armário” no meio artístico brasileiro. Claro, “sair do armário” aqui não tem nada a ver com se assumir gay. Isso seria ridículo, pois é quase o contrário: o ator que não é homossexual ou ao menos “metrossexual” é quem sofre preconceitos. Em um meio dominado por gays ou simpatizantes não há coragem alguma exigida de quem se assume gay.
Já para se assumir um liberal ou conservador, alguém de… direita, aí é preciso ter muita coragem. O ostracismo será imediato, as tentativas de boicote serão várias, corre-se o risco de perder patrocínios e tetas da Lei Rounanet, de não ser mais chamado para novelas etc. Sei do que falo.
Não só tenho alguns amigos nesse meio, que sequer podem admitir que são meus amigos, que leem meu blog, ou que, cruzes!, concordam comigo, como basta ver a reação da patota organizada quando alguém do meio ousa desafiar a hegemonia de esquerda e se posicionar contra a cartilha “progressista”. Seu mundo vem abaixo.
Enquanto a Folha dá grande espaço para o lançamento de um livro de coletâneas sobre política de uma nulidade intelectual como Gregorio Duviver, cujo título é uma clara tentativa de rebater o meu Esquerda Caviar, meu próprio livro sobre o fenômeno e essa mesma classe artística patética mal recebeu uma notinha, e meu novo livro sobre o jeitinho nacional e nossa malandragem nefasta, que essa turma representa tão bem, sequer foi mencionado, é como se não existisse.
Faz parte. Quando alguém se assume publicamente um liberal ou um conservador, já sabe que terá a grande imprensa e os artistas engajados como inimigos, fazendo de tudo para boicotar seu trabalho. Não obstante, os livros mais vendidos são de autores… liberais e conservadores! Ou seja, o público não quer saber dessa pauta “progressista”, mas não tem voz na mídia. E isso é pior ainda no caso da televisão.
As novelas da Globo são “progressistas” até não poder mais, e a arte é quase sempre sacrificada em nome da agenda política. O ambiente intelectual, como consequência disso, é asfixiante, e tolhe aqueles que pensam de forma diferente. A ponto de um ator recusar um papel não porque o julga pouco estimulante, mas sim porque teme represálias em seu meio. É lamentável, é contra a própria arte.
E pior: esse totalitarismo repressor vem justamente daqueles que tanto falam em “pluralidade” e “tolerância”, o que apenas demonstra como são canalhas.
Rodrigo Constantino