Já cansei de dizer isso aqui, mas nunca é demais repetir: a Rede de Marina Silva é o PT em nova embalagem, com pitadas de clorofila. O partido de Marina não só abrigou vários petistas “desiludidos” (alguns cínicos diriam oportunistas que perceberam o inevitável naufrágio do seu “partido”), como tem se colocado do lado de Dilma e de Lula o tempo todo. Na prática, é uma linha-auxiliar do PT mesmo, combatendo o impeachment ou clamando pela solução inconstitucional de chamar novas eleições.
Como Marina sempre contou com o apoio de muitos na imprensa, claro que vários jornalistas fariam coro a esse desejo. Convocar novas eleições passa a ser, então, a bandeira dos “superiores” que pairam acima dessa disputa entre PT e PMDB, desse jogo sujo “golpista”. É um misto de oportunismo com golpismo fascista, de quem não liga a mínima para o processo democrático em si. Reinaldo Azevedo falou disso em sua coluna de hoje:
Ao defender novas eleições (demagogia oriunda do esquerdismo), aproveitando a onda criada pelos pedidos de prisão, Marina Silva deu à luz a seguinte pérola: “A grande contribuição que a Lava Jato vai dar é fazer uma reforma política na prática, já que ela não sai pelos processos políticos”. É uma fala fascistoide. Desde quando uma reforma política se faz na delegacia de polícia?
A democracia, à diferença dos que pensam alguns tontos, não aceita todos os desaforos. Não estou ameaçando com o risco de uma ditadura. Não virá. Há coisa ainda pior: a bagunça.
Curiosamente, enquanto Marina falava de antecipar eleições, algo que não está previsto na lei, a própria Dilma falava em plebiscito, numa entrevista chapa-branca à EBC, que foi ao ar após a volta de Ricardo Melo à estatal. Na “TV traço”, eis o que a presidente afastada disse:
Rompeu-se um pacto, existente desde a Constituição de 1988. Tem de remontar esse pacto, e ele não será remontado dentro do gabinete. A população, querendo ou não, terá de ser consultada. É fundamental que haja o fim do golpe, o que significa ganhar no Senado. Eu não acho possível refazer o pacto com Temer presidente. Em qualquer hipótese, a consulta popular é o único meio de lavar e enxaguar essa lambança que está sendo o governo Temer.
Dilma quer um plebiscito, usa isso para tentar reverter votos no Senado e barrar o impeachment. Marina Silva quer a mesma coisa. Não é uma fofa coincidência? Se alguém ainda acha que a Rede não é o PT disfarçado, então veja essa notícia de Ilimar Franco no GLOBO:
O PT, o PDT, o PCdoB e a Rede articulam lançar o bloco da minoria no Senado. A bancada terá 15 senadores, cerca de um quinto da Casa. A Rede vai decidir o que fazer com seu bloco atual com PSB e PPS. O líder será o petista Lindbergh Farias.
Nossa, que surpresa! A Rede ao lado do PT no Senado e com o petralha Lindbergh Farias como líder?! Não creio! Mas Marina Silva não era diferente do que está aí, não flutuava acima da disputa entre PT e PSDB ou PMDB? Só mesmo quem fuma maconha estragada e come granola suspeita enquanto abraça árvores pode pensar isso. Marina só engana os trouxas, os mesmos que já foram enganados antes pelo PT.
A Rede é o PT em nova edição. Nada mais. E não passamos por tudo isso, por esse esforço todo de tirar o PT do poder, para ver ele voltar com outro nome e embalagem orgânica. Vamos deixar Temer trabalhar, aprovar as reformas econômicas necessárias para recolocar o país nos trilhos, e em 2018 falamos de eleições presidenciais, ok?
Rodrigo Constantino