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Bacanal, orgia, troca-troca, vulgaridade, nada disso é novo. O que talvez seja novidade é a banalização destas práticas. Aquilo que existia no submundo ou fora dos holofotes, protegido pela hipocrisia moralista (que fosse), hoje virou motivo de orgulho, ou de autenticidade, de expressão legítima de nossos desejos.

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Esta reflexão veio à mente quando vi a notícia no site da Veja sobre cena do BBB (o décimo-quarto, só no Brasil mesmo!). Trata-se de um “beijo triplo” entre os participantes. Não uso este caso isolado para tais reflexões, e sim como sintoma de uma tendência cada vez mais evidente, que denota o zeitgeist de nossos tempos hedonistas e promíscuos.

Sou jovem ainda (37), não sou religioso, e condeno o puritanismo autoritário ou o moralismo hipócrita de muitos. Dito isso, não posso ignorar os alertas feitos principalmente por pensadores conservadores acerca da degradação de valores morais em nossa sociedade. Como preservar certos valores e tradições morais, como a família, sem ser moralista? Eis o desafio homérico que se apresenta.

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Mario Vargas Llosa, em seu livro A Civilização do Espetáculo, fala do assunto. Para o escritor peruano, pornografia é uma coisa, erotismo é outra, mais reservada, sutil, individual. Vivemos na era da pornografia escancarada, não do erotismo. As pessoas, um tanto mimadas e narcisistas, não aceitam mais que nada fique entre seus desejos mais primitivos e suas ações. Ética seria o freio entre uma coisa e outra. Hoje, isso está démodé, fora de moda.

Casas de swing lotadas, velhinhas simpáticas ensinando como usar direito vibradores na televisão, bailes funks com “trenzinhos” de sexo vistos como a coisa mais normal do mundo, paradas gays repletas de baixaria, enfim, vale tudo em nome da diversão, do aqui e agora, do carpe diem. Careta é aquele que encontra forças em algum lugar para barrar tais impulsos. Alguém fica surpreso com o consumo de drogas em alta acelerada?

A promiscuidade deixou de ser vulgar e passou a ser um estilo de vida amplamente aceito, ao menos nas rodas dos “formadores de opinião” da esquerda caviar – que, infelizmente, influenciam muita gente. Vejam a Preta Gil, por exemplo, que em entrevista recente disse ser muito “espontânea”, e isso é que teria despertado preconceito nas pessoas caretas e moralistas. Cantar “Dako é bom” na frente do próprio pai, então ministro do governo, é apenas ser “espontânea”, e não vulgar, desrespeitosa.

Disse há pouco que a promiscuidade deixou de ser vulgar. Minto. A vulgaridade é que passou a se impor como modismo, pois os vulgares chegaram ao poder. Quem ousa buscar valores morais nas tradições só pode ser um “reacionário”, um conservador, uma peça de museu, um chato de galochas que insiste em se meter na “busca da felicidade” dos demais.

Pergunto: encontram? Encontram a felicidade com tal estilo hedonista de vida? Então por que cada vez mais remédios antidepressivos sendo vendidos nas farmácias? Por que mais e mais drogas para atender à “pulsão de morte” dessas pessoas? Vejam o filme “Shame” e entendam o resultado prático de quem coloca no sexo voraz e irrestrito sua fonte de “felicidade”: a extrema infelicidade.

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Em uma vida sem sentido, sem propósito decente e criativo, ou sem Deus (como diria Dostoiévski e muitos conservadores religiosos), cada um vai buscar uma “rota de fuga”. O hedonismo talvez seja a mais comum atualmente. Fulano está com uma hoje, amanhã com outra, depois com outro, aí com outros juntos em um tremendo bacanal, e haja promiscuidade para dar conta de tanto vazio espiritual!

O leitor acha que exagero, que pego um caso isolado e transformo em regra, extrapolando? Nem tanto, nem tanto. Basta ter olhos para enxergar que esta tem sido cada vez mais a norma. Talvez seja indesejável e impossível regressar aos anos “dourados” da era vitoriana. Talvez a repressão excessiva tenha ajudado a produzir este quadro, como em uma panela de pressão. Mas quem poderia negar que o pêndulo exagerou para o outro lado?

Rodrigo Constantino