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Por João Luiz Mauad, publicado pelo Instituto Liberal

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Pindorama é um país sui generis.  O povo daqui odeia a liberdade.  O governo propõe uma lei que dá opções de escolha aos indivíduos e os inteligentinhos formadores de opinião, principalmente à esquerda, entram em parafuso.  Como o governo vai abrir mão de impor sua vontade à patuleia?  Gente, o povo é burro e precisa ser guiado pelos iluminados do governo.  Deixar certas decisões na mão de gente despreparada será terrível.

E o pior é que muita gente compra esse discurso.  Embora exista um certo consenso na opinião pública de que praticamente todos os serviços prestados pelos governos é ruim, ou pelo menos inferior aos oferecidos pela iniciativa privada, as pessoas continuam apostando na clarividência e na eficiência dos políticos e dos burocratas para solucionar todos os problemas.

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Não por acaso, a educação tupiniquim está entre as piores do planeta. Duvida? Então faça o seguinte teste:  hoje, 23 de setembro, entramos na primavera aqui no Hemisfério Sul. Peça aleatoriamente a um aluno do ensino médio público para te explicar o que significa isso e você provavelmente vai se assustar.  A imensa maioria não saberá explicar que as diferentes inclinações do eixo de rotação da Terra mudam o ângulo de incidência dos raios solares a cada estação.

Lá nos idos anos 70 do século passado, eu tive o privilégio de estudar numa das melhores, senão a melhor escola privada do Rio, e, pasmem!, nunca tive aulas de arte, sociologia ou filosofia, nem no ensino fundamental, nem no médio. Em compensação, todos os meus colegas saíam da escola sabendo ler perfeitamente e com conhecimentos básicos de matemática e ciências, aptos inclusive a entender a lógica por trás de qualquer texto, por mais complexo e elaborado, inclusive dos grandes autores clássicos e dos filósofos mais difíceis.

Não adianta você mandar alguém que não consegue entender nem um romance de banca de jornal ler textos de Hegel, Nietzsche, Hume ou Aristóteles. É total perda de tempo. Aliás, o tempo (assim como a atenção) dos estudantes é um “insumo” escasso e, portanto, deveríamos tentar aproveitá-lo para ensinar muito bem o básico, a fim de que adquiram o ferramental mínimo para voos mais altos, inclusive nas áreas de filosofia e sociologia, economia, direito, etc.

É claro que reformar algo tão complexo não é tarefa fácil, nem jamais será um trabalho perfeito, mas pelo que pude entender, a proposta do governo vai no caminho certo e espero que não voltem atrás.

Finalmente, porém não menos importante, enquanto não conseguirmos tirar a ideologia das salas de aula, não iremos muito longe…

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