Quem fala em greve geral no atual contexto demonstra realmente viver aprisionado no passado: não entendeu absolutamente nada dos tempos modernos! A imensa maioria do povo brasileiro quer a retomada econômica, a qual necessita da aprovação das reformas, principalmente a trabalhista e a previdenciária.
O esquerdismo petista nos colocou nessa situação caótica, e a única chance de recuperação é aprovar essas mudanças. Insistir num discurso de greve, nesse cenário, é atestado não só de insensibilidade, como se péssimo cálculo político. Carlos Ramalhete, em sua coluna na Gazeta do Povo, resumiu bem a questão:
Antigamente a esquerda dizia que “greve geral derruba general”. Não funcionou; os generais foram embora no tempo deles, da maneira deles. Mesmo assim, ela ainda continua com os mesmos sonhos de greve geral, desta vez para demonstrar saudades do Lula. O que já era uma coisa difícil de conseguir montar em 1970 hoje é um devaneio impossível. Pedir por uma greve geral é passar atestado de incompreensão da situação atual das relações de trabalho.
As grandes centrais sindicais têm cada vez menos poder sobre os trabalhadores, e a informalidade galopante faz com que trabalhadores sindicalizáveis sejam na prática uma minoria. Só o que se pode ter certeza de conseguir é atrapalhar bastante a vida das demais pessoas, as que foram trabalhar, com grupelhos fazendo quizumba e prejudicando o trânsito.
[…]
Os planos grandiloquentes da esquerda vêm soçobrando em toda a América Latina, graças ao despertar das populações. Até mesmo na Venezuela, onde conseguiram ir mais longe, instaurando uma ditadura prática, vêm ocorrendo protestos de rua em muito semelhantes aos que aqui derrubaram a Incompetenta. A diferença é só que lá a polícia é socialista e ataca os manifestantes. Fidel Castro finalmente partiu ao encontro de Chávez e Stalin, sem deixar sucessores reais em carisma ou poder. Os demais governantes do Foro de São Paulo estão todos às voltas com as deduragens da Odebrecht, que exibem a podridão por baixo da bandeira vermelha.
Neste contexto, chega a ser engraçado falar de greve geral. O som da expressão é nostálgico, remetendo a uma militância sonhada em novelas globais.
Os grupelhos que pretendem, portanto, infernizar a vida dos trabalhadores amanhã, com seu quebra-quebra e muita baderna, colocam-se à contramão do povo brasileiro, que quer justamente trabalho! E até mesmo muitos políticos de esquerda já perceberam isso. Estão desesperados com a Lava Jato, é verdade, mas por isso mesmo enxergam nas reformas e na retomada econômica sua única chance de salvação. É o que argumento Carlos Alberto Sardenberg em sua coluna de hoje:
Foi o suficiente para que boa parte dos deputados socialistas — socialistas! — voltasse para o lado das reformas. Fizeram contas: manipular verbas e serviços do governo pode gerar mais votos do que se manifestar contras as reformas. Funcionou porque a alternativa do PSB, uma vez demitido do governo, era cair na oposição tipo “Fora Temer”, fora tudo, que sabidamente já está ocupada.
Ou seja, o PSB, aqui usado como exemplo, porque vários outros partidos e políticos pensam da mesma forma, entendeu que poderia se colocar da seguinte maneira: jogar para a torcida organizada e votar contra as reformas, mas continuar no ministério e nos demais cargos, oferecendo verbas, serviços e obras para sua clientela. Achava que podia ganhar dos dois lados. Perderam a noção.
Se as reformas trabalhista e previdenciária, nessa ordem, não forem aprovadas, o governo Temer acabou. Sem a modernização das relações trabalhistas, o Brasil continuará sendo um dos países mais caros do mundo para quem quer investir e ganhar dinheiro honestamente. Logo, não haverá retomada consistente. Sem a reforma da Previdência, o setor público vai quebrar — sim, pensem no Rio de Janeiro.
[…]
Mesmo, portanto, que o PSB e outros conseguissem votar contra as reformas e permanecer no governo, não adiantaria nada. A crise política e econômica — na sequência da Lava-Jato — levaria ao limite o desprezo da população pelos políticos e pela política partidária. Seriam todos eliminados, como ocorreu na Itália, por exemplo.
Na verdade, essa devastação pode ocorrer mesmo que o governo Temer consiga votar as reformas. Os efeitos da Lava-Jato permanecerão no cenário. Daí o desespero dos velhos políticos. Faz sentido.
Mas está claro que a única chance deles, ainda que remota, é votar as reformas e colocar o país numa marcha de recuperação econômica e social. Num ambiente mais calmo, com algum crescimento, algum emprego, quem sabe o eleitor seja mais tolerante. Tomara que não.
E outra coisa. O nome em ascensão é João Doria, cuja principal virtude é definir muito bem o seu lado: pelas reformas, pelas privatizações, pela redução do Estado, contra Lula e o PT.
Bem lembrado o fenômeno Doria, que tem sido mais claro nessas questões. Gravou um vídeo, por exemplo, conclamando todos os servidores públicos de São Paulo a trabalharem nesta sexta, disponibilizando inclusive carros particulares para quem não tivesse como se transportar. Teve centenas de milhares de visualizações e curtidas.
A população está do lado de quem quer arregaçar as mangas e lutar pela retomada do crescimento, não de quem quer fazer bagunça nas ruas com megafones e gritar “Fora, Temer”. Quem insistir na velha receita esquerdista ficará para trás, será engolido pela nova realidade, por uma população que acordou e que quer trabalho, não discursos sensacionalistas com os quais os políticos se acostumaram.
Quem lutar pelas reformas terá o apoio do eleitor. Quem se colocar contra elas será carta fora do baralho. Quem não percebeu isso ainda, não está atento aos acontecimentos da política nacional. Apoiar a greve geral e condenar as reformas é dar um tiro no próprio pé.
Rodrigo Constantino
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