O terrorista suicida que matou 22 pessoas em Manchester, deixando mais de cem feridos, tinha nascido na cidade, o que levou alguns intelectuais ou jornais a falar contra a necessidade de maior controle de fronteiras, preferindo uma mensagem um tanto ingênua de “inclusão” – que, convenhamos, transforma os indivíduos terroristas quase em “vítimas do sistema”.
Mas a narrativa não se sustentou nem por 24 horas. Salman Abedi pode ter nascido na Inglaterra, mas seu pai era um “refugiado” que teria elo com a Al Qaeda. O próprio terrorista tinha feito viagens há poucas semanas para a Líbia e a Síria, onde fica o “quartel” do Isis, que assumiu o atentado e justificou a morte de crianças, pois “infiéis”.
Seus irmãos também seriam ligados ao terrorismo, o que enfraquece muito a tese de “lobo solitário”. As autoridades inglesas estão convencidas de que ele era parte de uma rede terrorista. Outras três pessoas ao menos já foram presas. Ou seja, estamos falando de uma família de radicais fanáticos que foi recebida como “refugiada” no quintal inglês, apenas para que os filhos fossem “educados” para o terror. O pai nega, claro, e disse: “Nós não matamos inocentes, isso não é com a gente”. Talvez acredite na mentira: eram “infiéis”, afinal, não inocentes, pela ótica bizarra do próprio Isis.
Mas, diante das evidências, não só desse caso como de outros, fica claro que o Islã tem tudo a ver com os ataques terroristas, e que reduzir tudo a uma questão de “falta de inclusão” é temerário. Até porque são esses próprios imigrantes muçulmanos que não querem assimilar a cultura local que os recebe, preferindo se manter em guetos onde podem impor a “sharia”, a lei islâmica. Ao menos enquanto não estão em quantidade grande o suficiente para impor seu estilo de vida a todos.
Quando o editorial do GLOBO, portanto, diz que o atentado de Manchester demonstra como a direita “isolacionista” está errada, só porque o suicida nasceu na Inglaterra, ele ignora o que vai por trás da história: uma religião, uma seita, uma ideologia que serve de combustível para os fanáticos, para indivíduos monstruosos, pois ninguém que não seja um monstro iria explodir uma menina de 8 anos só por ser “infiel”, ou seja, por não ter a mesma fé.
Colocar esse ato bárbaro na conta da “alienação” ou das “desigualdades sociais”, então, é irresponsável e absurdo. Será que políticas sociais de “inclusão” resolveriam o problema? Será que Obama, elogiado pelo editorial, estava no caminho certo, ao fechar acordos espúrios com o Irã e se mostrar subserviente aos líderes muçulmanos?
As “lições” que o jornal tira do terrível episódio são as piores possíveis. Se uma estudante ginasial escrevesse coisas assim em seu caderno colorido com adesivos de borboletas, até poderíamos compreender. Mas quando se trata do maior jornal carioca, a coisa é séria. Romantismo tem limite. Eis o que conclui o editorial:
O que esses casos mostram é que o raciocínio defensivo — do fechamento de fronteiras a políticas isolacionistas — não impedirá futuros ataques. Pelo contrário, perderá o benefício de ações integradas para preveni-los. Manchester é uma das maiores cidades britânicas e abriga uma grande comunidade islâmica. Assim, como em qualquer metrópole europeia, é importante desenvolver políticas de integração dessas populações, em vez de marginalizá-las.
Por outro lado, a visita de Donald Trump à Arábia Saudita, coração do fundamentalismo wahabista, que alimenta ideologicamente grupos como o Estado Islâmico, sugere que o presidente americano está começando a entender que nada no Oriente Médio é simples, como supõe o senso comum de seus eleitores. Mas se ele acertou ao evitar a torrente verbal ofensiva com que costuma expressar seu preconceito contra o Islã, errou ao cair no simplismo de uma solução maniqueísta, ao escolher o Irã como alvo. O Irã, como mostrou Obama, é parte da solução, não do problema.
Ao examinar tal visão e seus efeitos, o equívoco fica evidente. Preconceito e isolacionismo não são solução. Ao contrário, a paz e a segurança dependem bem mais de integração alicerçada numa ordem compartilhada e inclusiva.
Preconceito? Contra quem, exatamente? Se criticarmos o Islã já nos tornamos automaticamente “islamofóbicos”? Isolacionismo seria defender um controle mais efetivo das fronteiras, para que terroristas da Al Qaeda não entrem na Europa ou nos Estados Unidos como “refugiados”? Não marginalizar essas populações seria o quê exatamente, cobrar que sigam as mesmas leis que todos os demais devem seguir?
O discurso da esquerda “progressista”, endossado pelo jornal, prega um multiculturalismo que claramente fracassou e está no cerne do problema, ou seja, é parte da causa do terrorismo, não da solução. Será que os autores do editorial acreditam que uma “política inclusiva”, talvez uma esmola estatal qualquer ou um programa de emprego público com cotas, iria desviar alguém como Abedi do curso do terrorismo?
Sério mesmo? Ele seria caixa do Starbucks, ou melhor, assistente de diplomata na ONU, em vez de se explodir com mais 22 pessoas, incluindo uma menina de 8 anos, em nome de Alá? E o jornal fala do “simplismo” de Trump e seus eleitores, como se essa visão do “diálogo” e da “tolerância” não fosse a mais simplista – e idiota – de todas!
Salta aos olhos a falta de realismo dessa turma. Até quando? Quantas vítimas a mais teremos até que a esquerda acorde para o monstro que está criando, bem dentro do quintal do Ocidente?
Rodrigo Constantino
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