A verdadeira luta de classes nunca esteve tão evidente, e ela não tem absolutamente nada a ver com aquela que Marx falava. Não é patrão contra empregado, burguês contra proletariado. É governo contra indivíduo, sindicato contra trabalhador, burocrata contra consumidor. A votação que aprovou regulamentar o Uber, transformando-o em táxi, representa exatamente essa luta de classes. Abaixo, alguns comentários feitos por mim e por amigos sobre o caso:
Gustavo Nogy:
O aplicativo Uber foi regulamentado e, voilà!, virou táxi (proposta seguirá para o Senado Federal). Se em curto prazo nada de muito diferente acontecer, a empresa deixará de operar. Uber foi entendido como “serviço público” e, como cabe ao Estado, dizem eles, cuidar do que é público, precisamos de todas as normas arcanas do táxi para a coisa não funcionar direito. Taxistas, espertos como são, em vez de lutarem por liberdade semelhante, lutaram para que todos sejam igualmente presos. O fato é que, dos grandes problemas urbanos, talvez o da mobilidade seja aquele mais fácil de ser resolvido por meio da ordem espontânea: “É proibido proibir.” O ser humano não para quieto. Deixem-no resolver seus problemas de locomoção, que ele os resolverá: aplicativos, bicicletas, carros de passeio, coletivos, patinetes, caronas pagas, caronas gratuitas, moto-táxi, cavalos etc – sem restrição. O trânsito fluirá, as pessoas conseguirão se movimentar e ganhar dinheiro, e nada de especialmente escabroso vai acontecer. Ao regulamentar o Uber, os deputados, em sua fúria legiferante, o proíbem; ao proibirem o Uber, proíbem que adultos responsáveis possam escolher como querem se deslocar de um lado a outro no espaço. Deputados que, a propósito, dispõem de carros oficiais, motoristas, passagens aéreas, tudo pago com o nosso dinheiro. Em suma: o grandíssimo problema da mobilidade urbana não consiste em haver muitos carros nas ruas, mas sim em haver muito Estado no país.
Brasil, um lugar curioso onde você paga o carro e o motorista do Deputado e ele te proíbe de escolher um carro com motorista para você. Parabéns a todos os envolvidos, o País continua sem correr nenhum risco de dar certo.
Aurélio Schommer:
O PSOL (Socialismo e Liberdade), ao orientar sua bancada a votar contra a liberdade de prestação de serviços como Uber e afins (outros aplicativos), demonstrou o que qualquer pessoa esclarecida já sabia: a parte do “socialismo” no nome do partido é para valer; a da “liberdade” é para enganar quem quer ser enganado.
Alexandre Borges:
E eu mesmo, para concluir:
O país tem milhões de desempregados por culpa das trapalhadas petistas e das rígidas leis trabalhistas? O Congresso tem a solução: dificultar ou acabar com o Uber, para proteger os taxistas. Deve ser fantástico viver num lugar com tantos malandros. Não lembro mais, agora que moro há dois anos num lugar de otários coxinhas que desconhecem as vantagens de fortes e poderosos sindicatos organizados. Mas vou pra casa de Uber…
Rodrigo Constantino
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião