Não é porque é o meu editor não, mas que baita artigo de Carlos Andreazza hoje na Folha! Andreazza disseca o verdadeiro mal que assola nosso país, não o PT em si, mas o petismo, ou seja, a mentalidade esquerdista estatizante que trata o estado como um deus laico e o mercado como o próprio capeta. Se em todo verão voltamos a falar de dengue, em toda eleição voltamos a falar de mais governo para curar os males criados… pelo excesso de governo.
O problema, naturalmente, é cultural. O esquerdismo é a doença que precisa ser combatida, mais até do que o mosquito Aedes. A esquerda consegue, pasmem!, preservar-se “purinha” a despeito de todo o estrago causado pelo esquerdismo. Há sempre um PT na fila, para acusar o PT no poder de “direita”, de “traidor do verdadeiro socialismo”, e pregar as mesmas receitas que trouxeram a desgraça. O PSOL está aí para não me deixar mentir.
Leiam o texto na íntegra. Divirtam-se. E chorem um pouco também, pois a piada perdeu a graça. A dengue incomoda de verdade, e o esquerdismo, mais ainda. Milhões de desempregados, inflação alta, privilégios para quem se organiza e tem poder de barulho – como a classe artística, tudo isso faz parte da vocação nacional, do cenário brasileiro. Mas como cansa, meu Deus! Abaixo, trechos do artigo para dar o gostinho de quero mais:
A dengue é vocação nacional. O estatismo é vocação nacional. O petismo idem, muito anterior ao nascimento do PT, a durar para muito além de sua derrocada. Não falo de política, mas de cultura. A administração pública é péssima, obesa, ineficiente e corrupta -não há novidade nesse retrato, fotografia da represa monumental em que um partido como o dos Trabalhadores deita fartamente seus ovinhos.
Um governo pode ser maior ou menor entrave ao desenvolvimento do país, mas nunca será solução. A tendência brasileira, no entanto, é a de combater os problemas causados pelo Estado pedindo mais Estado; a febre por meio da qual, a cada crise, entregamos a quem nos afana mais poder para nos afanar. Isso é doença. É também o paraíso cultural do petismo, milhões de poças em que se incuba o Aedes rousseff.
[…]
Na República dos mosquitos, às vezes tocada pelos morcegos, não se defende outro interesse que não o patrimonialista. […] Natural, pois, que a natimorta anexação do Ministério da Cultura ao da Educação tenha merecido tal relevo, tamanha grita. Nunca duvidei do recuo. É tudo muito simbólico, de rara clareza -procure saber: nada tem mais posse no Brasil do que a cultura.
Enquanto isso… o povo está endividado, pagando a trigésima prestação da TV moderna para fugir do “cinema nacional”. É tudo tão repetitivo. Andreazza conclui: “Este país é imensidão de água parada. E eles sempre voltam. Nunca se foram. Os mosquitos”. Já posso escutar o zumbido deles…
PS: Essa cultura impregnada em nosso país é o tema do meu próximo livro pela Record, Brasileiro é otário? O alto custo da nossa malandragem, que contou com mais uma excelente edição de Andreazza. Em breve, nas livrarias.
Rodrigo Constantino