Meu artigo sobre o direito de preferir um filho heterossexual gerou polêmica, como era esperado. Alguns, apesar do tom bastante ameno e do foco nos argumentos, chegaram com as tais pedras na mão, como também era esperado. “Tinha que ser na Veja”, “você é sim um homofóbico”, “sai do armário seu enrustido” (será, ó ironia, que pensam que me chamar de gay é uma… ofensa?), “você é um idiota”, etc. Ou seja, vários vieram comprovar meu argumento e demonstrar como certos “tolerantes” podem ser os mais intolerantes de todos, na prática.
Mas recebi várias mensagens de apoio, de todo tipo de gente. Inclusive de parentes de gays ou dos próprios homossexuais. Entenderam o espírito da coisa, captaram o xis da questão. Enquanto alguns “libertários”, que não passam de relativistas morais extremados, ficaram irritados com minha defesa da liberdade básica de ter escolhas quanto à sexualidade do próprio filho, outros entenderam perfeitamente que isso está, inclusive, na essência do liberalismo.
Foi o caso desse leitor, que me mandou uma mensagem em particular, que reproduzo abaixo:
Rodrigo,
Parabéns pelo artigo “O direito de preferir um filho heterossexual”. Por não desejar discutir minha vida publicamente resolvi mandar mensagem direta de apoio. A razão pela qual parabenizo você pelo artigo é porque ele representa perfeitamente a opinião de um sem número de gays (e olha que não são poucos! Uma maioria silenciosa?) que entendem que o processo de ‘tolerância’ passa por tolerar em primeiro lugar.
Não há simplicidade na relação pai-filho de um homossexual. Não porque eles não amem os filhos, mas porque querem bem aos filhos e sabem que a “opção” (muitas aspas) de vida levará invariavelmente para um caminho mais difícil, para uma velhice sem filhos e porque, claro, eles também ficam sem netos. Como disse meu pai, no dia D, “aceito, mas não entendo”. Nunca vai entender… é complicado para as pessoas entenderem. Imagine da geração dele (tem quase 80 anos hoje; eu, 50).
O fato é que, ao contrário do que os engajados proclamam, a homossexualidade mal assunto é. Não se vai às ruas por se defender os direitos dos canhotos. Somos canhotos, apenas! Algo mais ou menos simples de se perceber em público, mas irrelevante. Por isso, achei excelente seu texto. Dá ao fato o tratamento que ele merece. Interessante é saber que hoje, em minha profissão, é mais provável que se tenha problemas com colegas de área sendo liberal do que sendo gay. O Brasil está uma piada… de mau gosto! Grande Abraço e boa sorte no seu trabalho!
Pois é. Não é tão difícil assim, é? Quem resolveu transformar sua “escolha” sexual em bandeira ideológica ou revolucionária (teve um que até disse que seu reto era uma arma da revolução!) costuma aplaudir raivosos como Jean Wyllys e as bandeiras políticas do movimento gay, que em nada ajudam o indivíduo homossexual em si.
São coletivistas que não respeitam as verdadeiras liberdades individuais e querem impor uma agenda intolerante, muitas vezes repleta de preconceito contra a família tradicional ou a religião. São os animais desrespeitosos que enfiaram uma cruz e uma santa no ânus durante evento religioso, em nome da sua causa. São as paradas gays que desejam chocar, que ultrapassam barreiras de pudor que nenhum casal de heterossexuais ficaria impune. Demandam respeito sem se dar ao respeito.
Outra coisa que tentei deixar clara no texto foi a patrulha intolerante politicamente correta de hoje. Artistas que declararam publicamente algo tão banal como a preferência por filhos heterossexuais foram execrados e tiveram que recuar, escrever cartas de retratação. Agora, em nome da “tolerância”, todos têm de ser neutros em relação ao tema. Quanta tolerância!
Enfim, é totalmente possível ser homossexual e liberal. Conheço alguns. O que não dá mesmo é para ser socialista e tolerante de verdade…
PS: Sobre a última constatação do leitor, um fato, lembro que ninguém precisa de coragem atualmente para sair do armário no ambiente global ou hollywoodiano, mas quero ver ser macho o suficiente para se assumir um capitalista liberal ou um conservador religioso nessas bandas!
Rodrigo Constantino