Alguns petistas e aliados desejam ressuscitar a CPMF, aquele imposto sobre transações financeiras para financiar, supostamente, a saúde pública. A argumentação dos “estado-afetivos”, aqueles que têm verdadeira tara pelo estado é de que faltam recursos para a saúde pública, para o governo cumprir com a Carta que determina a universalização da saúde. Assim como falta recurso para a educação, para as prisões, para estradas, para aeroportos, para portos, para TUDO! E isso, nunca é demais lembrar, mesmo com o estado já arrecadando quase 40% do PIB. Quem sabe se ele arrecadasse 100%…
Esses estatólatras adoram avançar sobre o bolso alheio para fazer “caridade”, mas nunca se questionam por que o estado é tão ineficiente nos serviços que presta, mesmo os básicos. A solução é sempre a mesma: mais dinheiro, extraído de mais impostos. Os “ricos” têm de pagar mais, para os pobres terem melhores oportunidades. Não importa que a realidade seja outra, bem diferente, que os impostos penalizem mais ainda os trabalhadores, que os pobres morram em filas do SUS. Mais impostos!, bradam os viciados em estado.
No editorial do GLOBO de hoje há uma alternativa: foco na gestão. Mas claro que isso não interessa àqueles que adoram pedir mais recursos, e nunca fazer um mea culpa da péssima gestão estatal. Corrupção, desperdício, politicagem, cabide de emprego, favorecimento para os “amigos do rei”, enfim, toda a realidade que os brasileiros estamos cansados de conhecer, mas que não vem à tona na hora de debater os serviços públicos. Basta expandir ainda mais os tentáculos do governo, engordar mais o cofre público, que seremos uma Suécia amanhã, uma Dinamarca depois de amanhã!
Nada mais falso. Diz o jornal:
A saúde pública no Brasil tem um pressuposto assegurado pela Constituição: universalizada, via SUS, está formalmente ao alcance de toda a população. Mas, entre o princípio e a ficção, a distância é curta: a gigantesca rede do sistema vive em crise crônica, cumprindo apenas em parte, quando cumpre, o papel que lhe é atribuído pela Carta. Postos de atendimento com enormes filas, demora de até meses para se conseguir marcar uma única consulta (e ser atendido), uma demanda que exerce pressão constante sobre os hospitais, falta de material e problemas com pessoal (equipes incompletas, salários pouco atraentes etc.).
Um quadro clínico cujo tratamento implica análises e propostas de políticas públicas amplas e profundas. Sobretudo, corajosas e, o que não faria mal algum ao sistema, criativas. Mas a prescrição tem sido invariável — a dotação de mais verbas para o setor cumprir seu papel constitucional de prover a população com serviços de saúde de qualidade e de forma abrangente. É uma fórmula, por simplória e irreal, com a eficácia de um placebo.
[…]
Esse tipo de visão, que toma como panaceia a dotação de orçamentos mais generosos, na verdade desvia o foco da questão. Os reais gargalos da saúde no país estão ligados à gestão ineficiente. Há no país comprovadas experiências de administrações bem sucedidas de hospitais, emergências e serviços públicos que resultam em aumento de produtividade e aperfeiçoamento de qualidade. Além disso, transferir a gerência para organizações sociais, por exemplo, é uma alternativa com bons resultados. Despejar mais verbas numa estrutura ineficaz equivale a jogar dinheiro pelo ralo.
Concordo totalmente. E digo mais, de forma bem direta: defender mais impostos num país como o Brasil é algo não apenas absurdo, mas imoral, indecente. Quem o faz não pode dar a mínima para o povo sofrido, que já não aguenta mais tanto imposto para tanto serviço terrível. Somente uma tara pelo estado explica tal postura. E tarados deveriam se tratar num divã, não entrar para a vida pública e defender suas taras contra os demais.
Rodrigo Constantino
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