A revista britânica The Economist é tida como uma publicação liberal e ícone da direita, especialmente por brasileiros que nunca ouviram falar da The Spectator. Que a Economist tem um viés liberal quando o assunto é globalização até é verdade, mas faz muito tempo que sua visão política de mundo está atrelada ao esquerdismo. É “liberal”, portanto, apenas no sentido americano do termo, tanto que endossou abertamente a candidatura de Obama.
E a maior prova desse esquerdismo “democrata” está na reportagem de capa de algumas semanas atrás, em que a revista reclama do sistema político americano por este “favorecer os republicanos rurais”. A chamada diz sem rodeios: “O sistema eleitoral da América é distorcido a favor dos republicanos rurais. Para manter a confiança do povo, a mais antiga democracia constitucional do mundo precisa de reforma”.
Uau! A revista britânica quer mexer na Constituição americana, em vigor há mais de dois séculos, porque da forma atual a esquerda não parece se dar muito bem? No fundo, a mensagem ecoa a arrogância da elite “progressista”, dos “ungidos” que encaram o povo como um bando de alienados que precisam de tutela, justamente dessa turma “esclarecida” de Nova York ou Los Angeles.
Mas os “pais fundadores” criaram o modelo dos colégios eleitorais justamente para impedir esse tipo de coisa! Eles nunca foram “democratas”, no sentido dado pela esquerda, e sim republicanos, ou seja, criaram uma República com império das leis, não uma “ditadura da maioria”, como temia Tocqueville se o simples voto majoritário fosse absoluto. A PragerU já explicou em detalhes as vantagens desse sistema:
Como fica claro para quem prestou atenção, o modelo foi desenhado exatamente para evitar uma democracia manipulada por elites poderosas, para impedir uma “tirania da maioria” dominada por uma minoria organizada. O desenho dos colégios eleitorais exige uma capilaridade maior do candidato, uma aceitação por parte de vários grupos distintos, o que dá mais peso ao fator local e dificulta um populismo exacerbado. Eis o que incomoda, no fundo, a esquerda democrata, assim como a revista The Economist.
PS: O que mais choca nessa postura nem é a defesa da “democracia” sobre a República, e sim o casuísmo dessa defesa. Quando Obama foi eleito, o sistema era ótimo. Mas quando Trump vence, aí temos que repensar o sistema todo, e mudar a Constituição mais estável e duradoura do mundo, só porque as elites “progressistas” perderam o controle do jogo.
Rodrigo Constantino
O minério brasileiro que atraiu investimentos dos chineses e de Elon Musk
Desmonte da Lava Jato no STF favorece anulação de denúncia contra Bolsonaro
Fugiu da aula? Ao contrário do que disse Moraes, Brasil não foi colônia até 1822
Sem tempo e sem popularidade, governo Lula foca em ações visando as eleições de 2026
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS