O PDT ameaça expulsar a deputada Tabata Amaral (SP) se ela votar a favor da reforma da Previdência. Em reunião nesta terça-feira (9) com a bancada do PDT na Câmara, o presidente do partido, Carlos Lupi, disse que quem apoiar as mudanças nas regras de aposentadoria propostas pelo governo de Jair Bolsonaro será punido com o desligamento.
Tabata é favorável à reforma e lidera um grupo dentro do PDT que também promete acompanhá-la na votação. Lupi lembrou que, na convenção nacional realizada em 18 de março, o partido fechou questão contra a reforma da Previdência. “Desrespeitar essa decisão é muito grave”, argumentou ele, ao lembrar que os desobedientes enfrentarão processo na Comissão de Ética.
Quem acompanha o blog sabe que nunca nutri simpatia pela jovem deputada. Sempre achei seu discurso muito politicamente correto, bonitinho e até fake, ocultando a real essência esquerdista em nova embalagem mais palatável e comercial, o que torna o conteúdo ainda mais perigoso. Mas estou disposto a mudar de ideia e reconhecer um erro – se errado estiver.
Tabata tinha como ídolos políticos de esquerda como Obama, FHC e até Marcelo Freixo, do ultra-esquerdista PSOL, o que já colocava em xeque seu discurso mais moderado. Ela foi cria política do bilionário Jorge Paulo Lemann, que é conhecido por sua eficiente gestão na iniciativa privada, mas também por seu viés “progressista” em política.
Tudo isso sempre manteve meu ceticismo em relação a essa jovem com ascensão meteórica capitaneada pela grande mídia. Artificial demais, produto de marketing. Quando escolheu o PDT – o partido de Brizola, de Ciro Gomes, de Carlos Lupi, de Dilma Rousseff antes de mudar para o PT – aí a máscara caiu de vez e eu tive certeza de que meus receios eram legítimos.
Não obstante, a jovem deputada ensaiou alguma independência, parecia sincera ao tentar renovar a esquerda, abrir canal de diálogo com o outro lado, e adotar o pragmatismo em vez de ser uma oposição destrutiva, como sempre fez o PT e o próprio PDT. Agora essa postura chegou numa encruzilhada: ou ela realmente mostra essa independência, ou assume que não é “nova esquerda” coisa alguma.
Guilherme Macalossi comentou: “Tabata Amaral ameaçada de ser expulsa do PDT se votar a favor da Reforma da Previdência. Quem mandou amarrar seu burro em um do partidos mais antiquados da política brasileira? Ela achava mesmo que ia oxigenar o partido do Carlos Lupi e do Ciro Gomes?” É uma boa pergunta, retórica. Ela foi mesmo tão ingênua assim?
Só há uma saída honrosa para a moça: pular fora do partido antes mesmo de ser expulsa. O PDT fechou questão na Previdência: está contra a reforma, contra os mais pobres, contra o Brasil. É a cara do Lupi, do Ciro, da demagogia de esquerda. Se Tabata sucumbir e votar contra, terá dado atestado de que é apenas como os demais, uma marionete do Ciro, uma oposição oportunista que aposta no quanto pior, melhor.
Restou somente uma alternativa para ela: pedir para sair. Escolher outro partido, mais aberto ao diálogo, mais centrista. Se Tabata pretende mesmo representar uma voz diferente dentro da visão “progressista” de mundo – e acho fundamental que alguém o faça – então é necessário agir de acordo, expor o radicalismo dessa esquerda tacanha e retrógrada, mostrar que tal postura civilizada é incompatível com caciques autoritários como Ciro Gomes. Há espaço para uma esquerda decente no espectro democrático, mas isso não é sinônimo de PT, PSOL ou PDT.
Saia já do PDT, Tabata! Não é vergonha assumir erros, admitir escolhas ruins no passado. Mire-se no exemplo de Fernando Gabeira, que tem sido uma das vozes mais sensatas no debate político brasileiro. Se você reconhecer esse erro e sair do PDT, estou disposto a reconhecer o meu e admitir que você é mesmo diferente dos demais, dessa esquerda safada que se esforça para obstruir o progresso brasileiro sempre.
Rodrigo Constantino