Ganhou força no debate político carioca nos últimos dias a ideia do “voto útil”. Muitos não gostam disso, principalmente no primeiro turno, quando preferem exercer um voto mais consciente e com base em afinidade de valores. Entendo. Mas a política não é o território mais adequado para os românticos e os “puristas”. Afinal de contas: você quer um Freixo da vida no segundo turno?
O que pretendo argumentar abaixo é que talvez seja possível tentar conciliar o “voto útil” com seus princípios, sem ter de migrar radicalmente para algum candidato que seja abominado, para algum fisiológico qualquer. Existe uma estratégia que talvez possa unir o útil ao agradável, se ao menos o preconceito for deixado de lado…
Fiz lá o teste do GLOBO, com quinze perguntas que envolvem Uber, Guarda Municipal, saúde etc. Recomendo que todos façam o teste também. Poderão ficar muito surpresos com os resultados. Após eu publicar os meus, inúmeros leitores passaram a publicar em minha timeline os seus, e a semelhança foi impressionante. Eis os meus resultados:
Em último lugar ficou Marcelo Freixo, como esperado. Mas o que chamou a atenção de muitos foi o fato de Bolsonaro assumir a liderança, e Índio da Costa ficar logo atrás. Como assim? Então Bolsonaro não é um “reacionário quase fascista”, afinal de contas? Como pode um liberal fazer o teste e obter o candidato do PSC como primeiro colocado?
Arrisco uma resposta: talvez Flavio Bolsonaro não seja o reacionário que a imprensa pinta. Talvez ele seja inclusive bem mais moderado do que seu pai, Jair. Talvez ele seja até mesmo, ó céus!, alguém com viés liberal. Seu plano de governo, não custa lembrar, foi escrito por uma equipe com grandes liberais.
Fernando Fernandes, que foi do Instituto Liberal e é candidato a vereador pelo PSC, comentou: “Por se tratar de um teste baseado no programa e não na aderência ao sobrenome, este teste se tornou a melhor peça de publicidade gratuita que a campanha do Bolsonaro já conseguiu”. Concordo. Afinal, o preconceito foi deixado de fora, e sei que muitos ficaram surpresos com o próprio resultado.
Índio da Costa tem opiniões convergentes com o liberalismo também, ao menos nos discursos. Por isso ambos aparecem no primeiro e no segundo lugar de vários dos meus leitores. Se ao menos ambos pudessem se unir contra Freixo…
Por que, então, não sugerir que os eleitores de Bolsonaro migrem para Índio da Costa? Poderia ser uma também, mas ofereço alguns motivos: acho que o eleitor de Bolsonaro é mais fiel, e não aceitaria migrar na mesma proporção que os de Índio da Costa; há acusações de corrupção que pairam sobre Índio, que ele nega e que jamais foram comprovadas, mas que podem significar uma sombra quanto à imagem de idoneidade, o que definitivamente não existe no caso do Flavio; conheço bem a turma que preparou o programa do Flavio e confio tanto em seu talento como em seus valores efetivamente liberais.
Portanto, concluo que se o objetivo é: 1) impedir que o socialista Marcelo Freixo, adorado pelos idiotas úteis da burguesia mimada, vá para o segundo turno com Crivella (cruzes!); 2) não chegar ao extremo de um voto útil tão fisiológico a ponto de escolher o candidato acusado de agredir a mulher; 3) eleger alguém com viés mais liberal para administrar a “cidade maravilhosa”, então a melhor estratégia parece ser mesmo digitar 20 na urna, votar em Flavio Bolsonaro.
Se os eleitores de Índio da Costa (e também os de Osório, por que não?) deixarem o preconceito com o sobrenome de lado e mudarem seus votos, essa possibilidade se torna bastante real. E aí o pastor da Universal vai ver o que é bom pra tosse…
Rodrigo Constantino