Durante mais de 13 anos de PT no poder, boa parte da imprensa e quase a totalidade dos “intelectuais” ficaram em silêncio diante da avalanche de escândalos políticos. Afinal, era o seu partido no poder, e fazer vista grossa era uma questão de simpatia ideológica ou sobrevivência financeira, em muitos casos. Assim que ocorreu o impeachment e Temer assumiu, essa turma toda despertou por um “milagre”, e passou a se interessar por qualquer deslize ou denúncia que fosse.
Mas não pensem que esse comportamento é exclusividade nossa. Não! A esquerda americana cada vez mais se parece com a brasileira, apesar do que dizem os “especialistas” ignorantes, espalhando por aí que não existe esquerda nos Estados Unidos (santa estupidez, Batman!). Matt Walsh escreve um ótimo texto para o The Blaze hoje exatamente sobre isso, acusando de hipócritas todos aqueles que, de repente, voltaram a se importar com escândalos de Washington.
Ele começa demandando um tempo para que o lado de cá, mais à direita, possa acostumar os olhos e se recuperar da tontura, pois é bastante confuso mesmo observar tanta mudança em tão pouco tempo. A mídia tirou oito anos de férias quando o assunto era escândalo na Casa Branca. E agora, após quase 100 meses de silêncio, eis que todos erguem a voz em uníssono, como num coro coordenado por um só maestro (seria esse George Soros?).
Depois de 8 anos de inação, os jornalistas investigativos saem da toca e metem seus narizes em todo canto para farejar malfeitos políticos. Que coincidência! É como se fossem a Bela Adormecida e tivessem recebido um beijo milagroso do príncipe encantado, despertando da sonolência profunda que, “por acaso”, coincidiu com os anos de Barack Hussein Obama no poder.
A maioria de nós perderia o emprego se ficasse três mil dias de bobeira, sem cumprir nossa função adequadamente. Mas o jornalismo é um ofício especial. Mais até do que professores, que saem de férias três meses por ano para muitas vezes fazer militância ideológica para a esquerda (os sindicatos de professores são os maiores financiadores do Partido Democrata). Os repórteres podem entrar num esquema de hibernação por quase oito anos, desde que alguém do Partido Democrata esteja ocupando a Casa Branca. É só quando chega alguém do Partido Republicano que precisam arregaçar as mangas e trabalhar de verdade. Não espanta a imensa maioria dos jornalistas votar na esquerda. Você também faria isso, se significasse férias pela próxima década quase inteira…
Ninguém sabe ainda se esse caso envolvendo Michael Flynn é legítimo ou não. O que se sabe até aqui é que ele conversou com o embaixador russo pouco antes de Trump assumir, sobre as sanções de Obama. Isso, por si só, não é crime, e o próprio FBI não considera crime, tanto que não vai processar Flynn. O fato de Flynn ter mentido sobre o encontro é grave, e explica sua saída do cargo. Mas é o que temos por ora.
O que está bem longe de significar um risco real de impeachment para Trump. Isso parece claramente uma histeria orquestrada pela esquerda que nunca aceitou sua derrota nas urnas. Desde antes de Trump assumir essa gente já buscava pretextos para falar em impeachment, isso depois de tentarem impedir a posse no “tapetão”. A esquerda não sabe perder, até porque há muito em jogo para essa elite encrustada no poder.
E é por isso que a grande imprensa voltou com tudo ao trabalho, colocando vários jornalistas investigativos para tentar unir os pontos e montar um quebra-cabeça contra Trump. A CNN está incansável, o que não é um mal em si: o problema foi não ter feito nada parecido durante a era Obama. Os jornalistas da CNN foram conversar com agentes russos em busca de informações, saíram em campo, coisa que não se viu nesses últimos oito anos (era mais fácil ver reportagens sobre como Obama era maravilhoso com suas filhas e seu cachorro).
Até aqui, porém, a história não rendeu tanto assim, ao menos nada perto do que as manchetes dão a entender. O escândalo só tem proporção enorme na cabeça histérica da esquerda. Os mercados seguem firme, batendo recordes, e ninguém sério acredita mesmo que o caso vai levar a um impeachment, não com o que se tem por enquanto. O único crime comprovado até agora é o do vazamento de informações sigilosas. Mas não esperem que a mídia vá pesquisar isso, já que o alvo tem sido Trump. Então vale tudo, até ameaçar as instituições republicanas!
Mesmo diante de tamanha hipocrisia, a postura dos republicanos tem sido diferente daquela dos democratas no passado, quando Obama era o presidente. Vários republicanos estão cobrando mais investigações, e a mídia associada à direita, como no caso da Fox News, também tem feito jornalismo sério e dado cobertura ao “escândalo”. Mesmo Bill O’Reilly, simpático a Trump, tem adotado uma postura de cautela e alertado que é preciso ir mais a fundo nisso tudo, algo que não se via na CNN quando Obama era o alvo.
Mas a verdade não interessa a essa imprensa que fala da era da pós-verdade, acusando os outros daquilo que faz. Já tem jornalista dizendo que esse é o maior escândalo da história! Como assim? Do que essa gente está falando? Por onde andaram nos últimos anos? Talvez Trump consiga mesmo produzir o maior escândalo da história, mas terá que se esforçar muito ainda para chegar lá. Senão, vejamos:
- como superar o escândalo do uso do IRS, a Receita Federal americana, para perseguir ideologicamente os conservadores durante a gestão de Obama?
- será que esse caso é mesmo maior do que aquele em que milhões foram enviados para o Irã em forma de resgate?
- o que dizer do caso em que o DOJ, o Departamento de Justiça, espionou jornalistas durante a gestão de Obama?
- melhor nem falar das peripécias do governo Obama no Oriente Médio, armando clandestinamente terroristas e deixando o embaixador morrer em Benghazi, e depois mentindo sobre o caso;
- se acrescentarmos os escândalos dos emails de Hillary Clinton na lista, com a suposta venda de favores para quem pagasse mais, aí fica covardia.
Melhor parar por aqui, mas tem muito mais. E onde estava essa imprensa investigativa nessa época? Falando do uso do banheiro feminino por homens que se sentem mulher! A imprensa virou uma piada de mau gosto, e pior ainda é ela falar em “pós-verdade”, como se não fosse justamente antes de Trump chegar ao poder o momento de mais mentira e desinformação da história da mídia. É muita hipocrisia mesmo!
O leitor entendeu como a esquerda americana, que existe sim!, parece-se cada vez mais com a nossa? E não falo apenas do PSDB, pois a paixão dos tucanos pelo Partido Democrata é evidente. Falo também do PT e do PSOL, da esquerda mais radical mesmo. A CNN anda cada vez mais à esquerda e parcial, a ponto de se tornar, na boca do povo, a Clinton News Network. Da mesma forma que a GloboNews tem se esforçado para virar uma espécie de TV PSOL.
A grande imprensa está podre. A hipocrisia salta aos olhos. O trabalho de investigação é seletivo, as chamadas são sensacionalistas, o viés é escancarado. Mas nos Estados Unidos, ao menos, existem outros canais dispostos a apontar para esse viés, a fazer jornalismo de verdade, independentemente de quem esteja no poder. Diante de tudo isso, só cabe perguntar: onde está a Fox News do Brasil?
Rodrigo Constantino