Luan Sperandio escreveu um artigo interessante para a Gazeta, fazendo um elo entre os “terraplanistas” e a economia. Muitos que gostam de ridicularizar aqueles que acreditam na Terra plana – com toda razão – acabam aceitando crenças igualmente estapafúrdias quando o tema é economia. Sperandio dissecou quatro exemplos.
O mais importante é que, ao contrário do que acontece com os terraplanistas, essa turma não é tratada com desprezo, como uma cambada de doidos. “Eles ocupam espaço no debate público brasileiro, são convidados frequentemente para palestras, são entrevistados pela imprensa e são até ouvidos em sessões do Congresso Nacional”, explica o autor. “Em todas essas aparições, porém, o resultado é o mesmo: desinformação e contaminação do debate público”, conclui.
Os quatro exemplos mencionados por Sperandio são: 1. Auditoria Cidadã da Dívida, uma confusão entre rolagem da dívida e amortizações e pagamento de juros, tudo para demonizar os “bancos” ou os “rentistas”; 2. Inexistência de Déficit na Previdência, a malandragem de quem mexe deliberadamente nas contas da Seguridade Social para mascarar o rombo existente no sistema; 3. Protecionismo Industrial, as velhas ideias de tarifas de importação, seleção de campeões nacionais e subsídios para fortalecer a “nossa indústria”; 4. Imposto Sobre Grandes Fortunas, o ranço de quem trata economia como jogo de soma zero, onde João é pobre porque Pedro é rico, considera o grupo dos “mais ricos” como algo estanque, e acha que basta tirar de uns e dar a outros para resolver o problema das desigualdades.
Ao ler o texto, confesso que imediatamente o nome de Ciro Gomes veio à mente. O ex-ministro e ex-candidato a presidente costuma repetir todas essas quatro falácias – e muitas outras. Ciro seria um bom ícone dos terraplanistas da economia. Ao constatar isso, recebi a aprovação do próprio autor: “Pior que o Ciro possui falas em que endossa, em maior ou menor grau, cada um dos 4 terraplanismos econômicos que cito no texto… não é exagero o chamar de ‘ícone dessa turma'”.
Não, não é mesmo. No mais, dá bilhão?
Rodrigo Constantino
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