O índice de ações chinesas caiu 2% ontem, acumulando perdas superiores a 5% nos últimos 4 pregões, a maior queda em 5 meses. A China Vanke Co. chegou a cair 8%, liderando as quedas acentuadas no setor de construção civil. Os investidores estão preocupados com um mercado imobiliário mais fraco à frente.
A moeda, o yuan, também se desvalorizou, perdendo 0,46% no dia, a maior perda desde novembro de 2010. O Industrial Bank Co. disse ontem que pretende adiar empréstimos para projetos imobiliários até o final de março, estimulando o receio dos investidores com uma demanda menor na economia como um todo.
A segunda maior economia do mundo perde momentum, e a desvalorização da moeda, algo atípico quando se trata da China, levanta temores de que o custo dos importadores ficará maior e as empresas com dívida estrangeira sofrerão custos financeiros maiores.
A queda de atividade no setor imobiliário, fundamental para a economia chinesa, pode se espalhar para outros setores. A China tem um sério problema de endividamento, e uma desaceleração abrupta da economia poderia expor os pilares frágeis que sustentam sua aparente pujança.
Ainda é cedo para um diagnóstico mais preciso, mas os sinais de fumaça emitidos pelo mercado de capitais são inequívocos. As ações de empresas menores caíram mais de 4%, mostrando o risco de alastramento do pessimismo.
Como todos sabem, o crescimento chinês acelerado é um dos mais importantes pilares da nossa economia, pois segura a demanda e os preços das commodities que exportamos. Se a China realmente enfrentar problemas mais graves em breve, o Brasil será um dos maiores afetados.
Todo cuidado é pouco, e a atenção deve estar voltada para o desenrolar dos acontecimentos na China nos próximos meses. Pode ser apenas mais um alarme falso, como outros. Mas pode ser também o começo de uma correção maior para limpar os excessos estimulados pelo próprio governo chinês. E, neste caso, o efeito em nossa economia não será nada suave…
Rodrigo Constantino