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Sobre hinos e patriotismos

Por João Luiz Mauad, publicado pelo Instituto Liberal

Por princípio, sou rigorosamente avesso a qualquer tipo de manifestação coletivista, inclusive o patriotismo, com suas indefectíveis entoações de hinos e hasteamentos de bandeiras. Não dá para esquecer que essa praga foi responsável pelas piores e mais degradantes experiências que a humanidade já vivenciou.

As associações e outras formas de cooperação humana são extremamente necessárias, até mesmo para a sobrevivência da espécie. Ninguém há de negar que a fantástica evolução da humanidade está intimamente ligada aos mecanismos de associação e divisão do trabalho. Entretanto, a primazia da liberdade impõe que as adesões a qualquer grupo ou organização social devam ser incondicionalmente voluntárias, não compulsórias ou fortuitas. Devemos ser livres para escolher os nossos amigos, a empresa onde vamos trabalhar, que clube frequentar, o time de futebol pelo qual torcemos, as instituições e pessoas com as quais colaborar.

Ninguém escolhe onde vai nascer. A terra natal de um indivíduo é algo tão banal quanto fortuito para ser motivo de orgulho ou devoção. É como regozijar-se por nascer alto ou baixo, preto ou branco, ter olhos castanhos ou azuis. Concordo até que alguns povos possam celebrar seus antepassados, valores e tradições, mas discordo daqueles que enxergam vínculos telúricos ou sanguíneos permanentes dos indivíduos com determinado lugar.

Não pretendo com isso, de forma alguma, desmerecer os sentimentos patrióticos de quem quer que seja, mesmo porque costumo respeitar as escolhas de cada um (desde que, claro, elas não interfiram com a minha liberdade de pensar e agir diferente). Mas é inegável que o mundo seria, no mínimo, menos belicoso se as pessoas entendessem que o fato de nascer em determinado país não as torna, a priori, melhores ou piores do que ninguém. Ainda que o meio social exerça inegável influência no destino dos indivíduos, o que realmente importa são os atributos pessoais de cada um: energia, inteligência, autodisciplina, responsabilidade, talento, habilidade, etc. Sempre que se quis pensar a humanidade com ênfase no coletivo, os resultados foram catastróficos.

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