Aproveitando o ensejo dos debates entre Liberais, Conservadores, Libertários, Bolsonaro, MBL e Direitistas – alguns nem tanto – de todas as espécies, segue o resgate de um artigo que merece reflexão.
– Instituto Liberal
Por Adolfo Sachsida, publicado pelo Instituto Liberal
O mundo conservador brasileiro, pelo menos no facebook, virou uma guerra para decidir quem é e quem não é conservador. Discussões semelhantes acontecem regularmente entre liberais e libertários. Creio que tais discussões são muito pouco produtivas, geralmente desunindo muito mais do que unindo. Além disso, num número não insignificante de vezes descambam para ofensas pessoais, guerras de ego, e defesas de um feudo, do tipo o rei aqui sou eu.
Eu tenho uma regra de ouro: a única pessoa que conquistou o direito de mandar outra a merda é Olavo de Carvalho. Esse sim tem esse direito, conquistado (e não dado) ao longo de uma luta de 40 anos incessantes contra os inimigos da sociedade aberta. Certo ou errado, não sou eu quem irá dizer que o Professor está sendo grosseiro. Qualquer um que passe pelo que ele passou e continua na luta tem esse direito. Obviamente isso exclui qualquer um abaixo dos 50 anos. Sobre esses recai a regra de ouro: primeiro você conquista o direito, e só depois terá o direito de mandar outros a merda.
A confusão atual refere-se a Sara Winter, ex-lider do FEMEN-Brasil, que agora tornou-se uma conservadora. De minha parte digo, seja bem vinda Sara. A luta é dura e pessoas com fibra são necessárias. Será que Sara pode ser uma expiã? Alguém que se infiltra no conservadorismo apenas para destruí-lo? Evidente que sim. Mas, quem de nós não pode também ser um espião tentando sabotar o conservadorismo por dentro? Essa crítica vale para Sara, mas vale também para uma das mais destacadas conservadoras do Brasil, Bruna Luiza (de quem sou um tremendo fã).
Sou amigo e admirador do trabalho de Rodrigo Saraiva Marinho, que é um libertário declarado. Faço questão de revê-lo sempre que vem a Brasília, e digo que vale a pena assistir suas palestras. Paulo Kogos tem várias opiniões das quais discordo, mas nunca tive problemas em manter um diálogo civilizado com ele. Além disso, tal como Rodrigo Marinho, é mais um libertário totalmente contrário ao aborto. Rodrigo Souza é outro dos libertários com quem também me relaciono muito bem.
Do lado conservador resta evidente que sempre aprendo com Alexandre Borges e Bruno Garschagen. Flávio Morgerstern é companheiro de hangouts, e Roberto Ellery amigo de longa data. Rodrigo Constantino é a prova de que é possível navegar nesse meio termo entre libertários e conservadores, e manter sua independência intelectual.
O que quero dizer aqui é que se queremos estabelecer uma frente ampla contra os inimigos da sociedade aberta precisamos focar nos pontos que nos unem, e não em nossas diferenças. Não somos uma seita, não somos esquerdistas. Somos indivíduos unidos contra os que querem usurpar nossa liberdade, contra os que querem centralizar em Brasília todas as decisões deixando aos indivíduos e famílias a exclusiva tarefa de obedecer. Vamos dar as boas-vindas a todos que querem se juntar a nós e, enquanto mostrarem respeito a nossas diferenças, vamos focar no que nos une!