O ex-presidente Obama já fechou sua primeira palestra após deixar a Casa Branca, e será justamente para Wall Street, tão demonizado pela esquerda. Valor do cachê: singelos $400 mil. Nada como lutar pela maior igualdade dessa forma, não é mesmo? Mas se a esquerda caviar sempre pregou uma coisa e fez outra, agora há, no Partido Democrata, uma esquerda mais raiz, digamos, mais “hard core”, que flerta abertamente com o socialismo mesmo. E essa turma não gostou nada da notícia.
As duas vozes mais extremistas do partido se manifestaram contra a decisão de Obama. A senadora Elizabeth “Pocahontas” Warren disse que se sente “perturbada” pela escolha de Obama. “Uma das coisas que eu falo no livro (“Esta luta é nossa luta: A batalha para salvar a classe média da América”) é sobre a influência do dinheiro. Eu o descrevo como uma cobra que se desliza através de Washington e que aparece de tantas maneiras diferentes aqui em Washington”, comentou.
Assim como Bernie Sanders, Warren é tida como mais radical à esquerda dentro do partido, e é conhecida por suas críticas ao establishment, que seria facilmente corrompido por Wall Street. Durante as primárias, Sanders fez vários ataques a Hillary Clinton por conta de sua proximidade com banqueiros e bilionários. E ele foi a outra voz importante da extrema-esquerda democrata a condenar a palestra de Obama.
Sanders classificou a decisão de Obama como “infeliz”. “O presidente Obama é meu amigo”, disse Sanders. “Eu acho que ele, como presidente, representou nosso país com integridade e inteligência, mas acho que num momento em que as pessoas estão tão frustradas com o poder de Wall Street e os interesses do capital, eu acho que é lamentável que o presidente Obama esteja fazendo isso”, desabafou.
O senador de Vermont tinha esperanças de que Obama não fosse seguir nessa linha, fazer uma palestra a um banco de investimento em troca de dinheiro. Cobrado pela entrevistadora se ele, Sanders, recusaria uma proposta igual, o senador rebateu: “Se Wall Street me oferecesse essa quantia, sim, eu não quero o dinheiro de Wall Street”. E acrescentou: “Eu não preciso me preocupar muito com isso. Não recebo muitos convites de Wall Street”, arrancando risos dos entrevistadores:
A esquerda americana, pelo visto, mostra-se cada vez mais dividida entre os que querem mesmo o socialismo, e os que usam discursos socialistas para acumular dinheiro e poder. Apesar de que um cínico poderia muito bem contestar o fato de que a ala radical quer mesmo transformar os Estados Unidos na Venezuela, ou que não liga muito para dinheiro e poder. Não seria o caso de colocar Sanders e Warren na lista dos despossuídos. Talvez só não tenham as mesmas oportunidades de Obama e Clinton para acumular fortunas.
Ou seja, algo como o PSOL “puro” criticando o PT por ter se corrompido, só porque não chegou ao poder ainda. Na hora que colocarem a maleta de dinheiro na frente, sai de baixo! Nunca vi gente mais gananciosa do que esquerdista abnegado, altruísta e igualitário…
Rodrigo Constantino
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