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Somos todos Catherine Deneuve!

A atriz francesa Catherine Deneuve despertou a fúria das feministas ao assinar, com outras cem mulheres, uma carta se manifestando contra o que chamam de “denuncismo” de assédios sexuais. O manifesto, publicado no jornal francês “Le Monde”, afirma que homens devem ser “livres para abordar” mulheres. E não devem?

Claro, é preciso definir o que se entende por “abordar” nessa frase. Mas por óbvio: é preciso definir o que se entende por assédio também, algo que as feministas não têm se esforçado muito para fazer, pois no fundo querem que tudo seja considerado assédio.

As feministas radicais da terceira geração são as novas tias carolas puritanas, que fomentam uma inquisição contra os “impuros”. No fundo, essa histeria trai seu ódio pelos homens, pelo sexo, pela liberdade. Desnecessário dizer que nem tudo começou assim: a revolta contra os verdadeiros abusos sexuais e o anseio de proteger as mulheres são perfeitamente legítimos.

Mas o pêndulo, aqui como alhures, extrapolou, saiu pela tangente. Quando as feministas começam a repetir que uma em cada cinco mulheres foram estupradas nas universidades, ou que qualquer “cantada” ou “assobio” já é sinônimo de predador sexual, fica claro que a coisa saiu do controle.

Quando alguém como Oprah Winfrey faz um discurso em que todo homem deve se sentir culpado só por existir, sendo que ela foi amiga de anos de Harvey Weinstein, esse sim alguém que abusava de fato das mulheres, é porque a causa está tomada pela hipocrisia.

Alguns homens abusam de mulheres? Óbvio. Alguns homens apelam para a força bruta maior para forçar mulheres a fazer coisas que elas não gostariam? Sem dúvida. Mas daí a se criar esse clima de perseguição geral, de paranoia, de histeria, vai uma longa distância.

E uma distância que cria casos como este de Curitiba, em que uma mulher acusara falsamente potenciais estupradores. Como fica? Qual a punição justa para alguém que inventa uma denúncia tão grave como essa, que pode destruir a vida de outras pessoas?

Desde quando o Ocidente abandonou os preceitos jurídicos de ônus da prova de quem acusa, inocente até prova em contrário e benefício da dúvida? Basta agora uma palavra feminina e pronto? E as feministas não percebem o enorme perigo do que ajudaram a criar?

A abordagem do homem à mulher é uma arte, e uma que garante a sobrevivência de nossa espécie. Ela só não pode ser violenta, com agressão, intimidação ou ameaça. Mas não vamos limitar tanto assim as opções, ao menos não se desejarmos preservar a tensão sexual entre homens e mulheres, a adrenalina da “caça” (esqueçam Tinder, Match e outros aplicativos do tipo, jovens, pois nada substitui o encontro fortuito, o cara a cara, a “chegada” com o risco de “toco”), o desejo.

Quando as feministas querem abolir até um assobio, um gracejo, o galanteio, o cortejo, a “chegada”, elas dão prova de que seus críticos estão certos: o movimento feminista virou coisa de mulher ressentida, invejosa, cheia de ódio no coração. Sofreu algum abuso traumático no passado? Lamento muito, de verdade. Mas isso não te dá o direito de usar essa raiva para atacar todos os homens, e pior, para criar um ambiente de constante desconfiança mútua entre os sexos.

O mundo que as feministas estão criando, além de chato, de insuportável, é totalitário, puritano, persecutório no pior estilo Big Brother, e vai acabar matando o desejo entre homens e mulheres, que começa já na troca de olhares, na abordagem incerta, no jogo da sedução. Talvez seja isso mesmo o objetivo delas: destruir de vez o relacionamento entre homens e mulheres.

Viva Catharine Deneuve! Viva as mulheres que querem preservar o feminino e o masculino, com suas diferenças complementares! Viva aquelas que dizem não ao puritanismo feminista, a essa paranoia que confunde uma investida amorosa ou sexual com assédio ou abuso punível por lei.

PS: Reconheço que o antigo gentleman é cada vez mais raro, item escasso de luxo no mercado sexual. Mas as mulheres que reclamam deveriam perguntar se isso também não tem alguma ligação com o feminismo, que vem fazendo de tudo para transformar as mulheres em versões pioradas dos homens. Se o comportamento estimulado é a vulgaridade de Anitta, como esperar que a abordagem do macho seja a de um lorde britânico?

Rodrigo Constantino

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