Na coluna de Ancelmo Gois hoje, consta que o presidente esquerda caviar americano, Barack Obama, ligou para a “presidenta” esquerda carnívora brasileira, Dilma Roussef, para lhe dar os parabéns pelo aniversário, e aproveitou para comentar sobre a conferência do clima em Paris:
De fato, o “elogio” é justo, como João Luiz Mauad já tinha comentado no Instituto Liberal:
“Roubamos a cena!” Esta foi uma das primeiras frases da Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, logo após a divulgação do acordo celebrado na COP21. Ao ler aquela afirmação, que não por acaso foi destaque em diversos portais de internet e jornais de Pindorama, imaginei tratar-se de um ato falho da ministra, afinal, de roubo o PT já demonstrou entender bastante.
Ledo engano. Era apenas uma metáfora, utilizada pela ministra para jactar-se de um suposto importante e decisivo papel desempenhado pela delegação brasileira na conferência. Colocando todo e qualquer resquício de modéstia de lado, a ministra disse que o Brasil “desempenhou um papel estratégico e que os negociadores brasileiros ajudaram a destravar vários pontos”.
Para alguém que, como eu, acompanhou o desenrolar da conferência através da imprensa estrangeira, sem jamais ter lido nada sobre a “importante” participação tupiniquim no sínodo ambientalista, aquilo parecia uma grande piada. Cheguei a lembrar, não sem alguma vergonha, das lições econômicas de Dilma aos dirigentes europeus, sobre como enfrentar a crise. E ainda daquele famoso discurso da presidenta, na Assembleia Geral da ONU, ano passado, apelando para que se tentasse uma paz negociada com o ISIS, sem bombardeios.
A ficha só caiu mesmo quando fiquei sabendo que, apesar de festejado como um grande avanço, “o documento não descreve quais ações os países devem fazer para reduzir suas emissões e nem traz metas para isso – nem as tidas como voluntárias -, ele apenas afirma que é necessário desenhar o caminho que deve ser perseguido nos próximos anos”.
Bingo! Agora não havia mais dúvida. Certamente, o dedo do governo Dilma estava presente naquela estrovenga. E, assim, ficamos combinados: “Não vamos colocar meta. Vamos deixar a meta aberta, mas quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta”.
Hoje, Mauad voltou ao assunto no blog do IL:
Acordo para inglês ver
Um acordo de boas intenções. Assim pode ser definido o protocolo do clima assinado em Paris, no último sábado. Trata-se, como já comentei anteriormente, de um documento que, à moda Dilma, não estipula metas ou punições, mas apenas intenções genéricas de seus signatários. Ao fim e ao cabo, todo mundo saiu bem na foto perante a opinião pública, mas praticamente tudo continuará como antes.
A maior prova disso é que os ambientalistas mais xiitas têm demonstrado certa decepção com o documento. Embora aplaudam o acordo possível, até para não deixar cair o moral dos ativistas, sabem que o acordo de Paris está muito longe das suas pretensões, digamos, mais sonháticas.
Seguem abaixo os cinco principais pontos do acordo, segundo análise do jornal “The Washington Post”:
A meta de temperatura: O texto diz que as nações signatárias pretendem assegurar que “o aumento da temperatura média global fique abaixo de 2° Celsius acima dos níveis pré-industriais, mas não medirão esforços para limitar este aumento a 1,5° C.”
Como chegar lá: Os países que assinam o acordo se comprometem a “alcançar o pico global das emissões de gases de efeito de estufa o mais rápido possível”, mas sem especificar uma data. O documento diz apenas que as partes signatárias deverão “realizar reduções rápidas, em conformidade com o melhor conhecimento científico disponível.”
Os próximos passos: O texto compromete todos os países a entregar, de cinco em cinco anos, um novo compromisso nacional de redução de emissões. Cada uma dessas promessas, diz o acordo, deve representar uma “progressão” em relação a anterior, e deve refletir a “maior ambição possível” de cada país.”
Adaptação às mudanças: O texto afirma que os países “se envolverão em processos de planejamento de adaptação” para garantir que estejam prontos para os efeitos das alterações climáticas. Em relação aos eventuais impactos que não possam ser adaptados, o acordo contém uma seção de “perdas e danos”, sugerindo que estes casos serão abordados através de uma variedade de meios, incluindo a “implementação de seguros de risco, a diluição dos riscos climáticos e outras soluções,” inclusive a transferência de recursos para as nações insulares eventualmente mais prejudicadas.
Quem paga a conta: A seção mais discutida do documento, como não poderia deixar de ser, refere-se ao financiamento das ações climáticas e diz que os países desenvolvidos “devem prover os recursos financeiros para ajudar os países em desenvolvimento no que diz respeito à mitigação e à adaptação” – em outras palavras, ajudá-los a se preparar não só para os impactos, mas também a transição para sistemas de energia mais limpas. [Fala-se num fundo de 100 bilhões de dólares anuais, a partir de 2020] O documento sugere, porém, que os países em desenvolvimento mais ricos, também poderão contribuir para tal fundo se assim desejarem. [Quase caí da cadeira de tanto rir, quando li isso].
Em resumo, malgrado todo blá-blá-blá e todas as fanfarras, o referido acordo é praticamente inócuo e não vai alterar significativamente a temperatura da Terra, nem mesmo nos modelos de computador do próprio IPCC. Tampouco vai reduzir drasticamente a queima de combustíveis fósseis, a menos, é claro, que ocorra uma grande revolução tecnológica e a descoberta de um novo combustível, mais abundante, eficiente e barato que o petróleo e seus derivados. A China, por exemplo, poderá continuar a queimar carvão o quanto quiser, sem medo de ser feliz.
A má notícia, pelo menos para os liberais, é que o Acordo de Paris prevê a concessão de poder e dinheiro suficientes para alimentar, durante um período longo demais, um gigante burocrático insaciável, à custa dos pagadores de impostos dos países desenvolvidos.
A boa notícia é que os “compromissos” assumidos no acordo, além de genéricos e indeterminados, estabelecerem datas bastante longas para suas eventuais implementações, o que dará mais tempo aos cientistas sérios para pesquisar a respeito dos reais efeitos do CO2 (antropogênico) sobre a temperatura terrestre, bem como para o desenvolvimento de novos combustíveis para substituir os fósseis, sem que a civilização humana precise regredir em termos de padrão de vida e prosperidade.
Rodrigo Constantino
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