Por João Cesar de Melo, publicado pelo Instituto Liberal
A única forma de proteger a sociedade de surtos de ódio e de loucura como o ocorrido em Goiânia é impedindo que as pessoas convivam entre si. Quem deseja isso?
Não foi uma arma que matou os adolescentes no colégio. Nem o bullying. Foi nada mais do que a psicopatia de UM INDIVÍDUO, disparada por fatos que são relevados pela quase totalidade das pessoas.
Utilizar o exemplo de Goiânia como justificativa para a preservação da lei que impede o porte de armas é um completo absurdo.
Todos os anos ocorrem inúmeros casos de pessoas enciumadas – e que até então nunca haviam cometido um único crime − que matam seus parceiros. Nem por isso alguém sugere a proibição de relações amorosas.
Algumas dessas pessoas matam a tiros. Outras, a facadas, a pauladas ou envenenando suas vítimas. Algumas mulheres já cortaram o pênis de seus companheiros. Alguns homens já jogaram ácido no rosto de suas namoradas.
Todos esses casos representam a LOUCURA de algumas pessoas, não a ameaça que armas, facas, pedaços de paus e ácidos representam à sociedade.
O fato é que ALGUNS seres humanos brigam no trânsito, nos bares, nas festas, no colégio e até em eventos familiares. E, desses casos, uns poucos terminam com o assassinato de alguém.
Se for muito difícil enxergar isso, basta se perguntar o número de pessoas com as quais cruzamos todas semanas e quantas vezes vemos uma briga; e das brigas que vemos, quantos assassinatos ocorreram.
Felizmente, a sociedade é feita de pessoas pacíficas. Os crimes passionais são eventos específicos, resultado de surtos de ódio e loucura. Nem as sociedades mais desenvolvidas, conseguem erradicar manifestações do tipo.
Cada um de nós tem seus desafetos. Nem por isso, vivemos tramando formas de assassiná-los. Aprendemos a lidar com os desconfortos que outras pessoas nos provocam. Em vez de pedir que o estado nos proteja uns dos outros restringindo a liberdade de nos defender, devemos cobrar que as pessoas aprendam a lidar com os dissabores da vida.
O ódio e a loucura são imprevisíveis, mas, o que dizer da legislação que não permitirá que o adolescente seja devidamente punido?