A atriz Taís Araújo, 40, desistiu de interpretar nos cinemas a renomada cientista paulista Joana D’Arc Félix de Souza. A cinebiografia da filha de empregada doméstica que chegou ao pós-doutorado em química na Universidade Harvard teve de ser abortada com Taís no papel principal após reclamações nas redes sociais de que o tom de pele da atriz era mais claro do que o da cientista, o que a inviabilizaria para o trabalho.
“Quando eu li [as queixas], só falei que eles estavam cobertos de razão. Quando me dei conta do que acontecia eu nem desconfiei, eles estavam certos. Eu não seria a melhor pessoa”, afirma Taís.
A atriz também cita que mulheres de tom de pele mais escuro sofrem ainda mais preconceito. “Na real, quero que as pessoas conheçam a história da Joana, uma mulher que nos inspira. Imagine a quantidade de Joanas que perdemos ao longo do percurso por falta de estudo, de oportunidades. É a história de como uma educadora transformou a vida de pessoas. Quem vai contar é o de menos.”
Vou ter que lembrar ao leitor aqui de uma obviedade ululante, que parece esquecida no mundo moderno atual, dominado pelas patrulhas do politicamente correto: atores… atuam! Eles interpretam personagens fictícios ou reais. Eles não são tais personagens! Chocado? Pois é.
O papel de um gay terá de ser feito por… um gay a partir de agora! E de fato vimos Scarlett Johansson abrir mão de um papel de trans por pressão da patota. O papel de um psicopata? Cruzes! Será preciso encontrar algum psicopata disposto a encenar na telinha. O dia da escolha do elenco será marcada pela posse de um fichário degradê para avaliar se o tom de pele de cada um é o “adequado” ou não. Mais ou menos assim:
Taís Araújo, que já afirmou que as pessoas se mudam de calçada quando seu filho negro surge, para destacar o “racismo sistêmico” do Brasil miscigenado, precisa pagar pedágio ao politicamente correto. Por isso ela disse que os críticos estavam “certíssimos”. Ela tem a pele clara demais para fazer uma negra mais negra. E ainda é preciso acrescentar: negras mais negras sofrem mais preconceito. Agora temos o preconceito gradual à medida que o tom da pele fica mais escuro.
É um mundo insano! São os loucos e covardes de Hollywood, Harvard e Projaquistão disseminando a paranoia, a intolerância e o racismo em nome do combate ao preconceito. Wagner Moura, um ótimo ator e péssimo “pensador” político, fez o papel de Pablo Escobar numa série da Netflix. Um brasileiro fazendo o papel de um traficante colombiano. Pode isso, Arnaldo? Pelo visto, não.
A atuação precisa ceder lugar ao hiper-realismo. É preciso garantir uma reserva de mercado às “minorias”, e não qualquer minoria. Não basta mais ser mulher negra: é preciso ser mulher negra mesmo, ou nada de fazer o papel de uma cientista com pele mais escura. O talento na atuação não importa tanto. Ter a cor “certa” sim.
Parabéns, “progressistas”. Vocês conseguiram tornar o mundo um lugar extremamente chato, sensível e intolerante. A situação está simplesmente insuportável.
PS: Quando trocaram num filme terroristas islâmicos por supremacistas brancos, não houve chiadeira da patota “progressista”. Parece que essa adaptação foi uma “licença poética” aceitável, até mesmo desejável.
PS2: Seu Jorge pode fazer Marighella, pois o terrorista mulato foi retratado no filme de Wagner Moura como um herói humanista, então essa adaptação também serve. Já se fosse para fazer um vilão, o tom de pele mais escuro seria condenado, certamente.
Rodrigo Constantino