A campanha do desarmamento voltou com força total após o atentado terrorista de um muçulmano em Orlando. O presidente Obama retorna ao tema, assim como Hillary Clinton e toda a imprensa “progressista”. É como se o direito básico de o cidadão decente ter uma arma para sua proteção fosse a maior causa da violência e do terrorismo no mundo: um disparate!
Em artigo publicado hoje na Folha, Antonio Cabrera, proprietário rural, oferece um contraponto. Justifica o direito à vida, que é também o direito de defendê-la. Apresenta bons argumentos contra o desarmamento civil. Vale a leitura. Abaixo, alguns trechos:
A perplexidade maior é fazer a defesa do desarmamento de forma ditatorial. É assombroso como as coisas são discutidas por aqui: simplesmente se ignora o que a população pensa ou deseja. Em referendo de 2005, 64% dos brasileiros votaram contra o desarmamento.
O governo, no entanto, vem impondo várias barreiras ao comércio desde então. Hoje é praticamente impossível ter porte de arma no Brasil.
O recado dado é óbvio: os brasileiros não sabem o que é melhor para eles e é preciso que Brasília ensine o caminho da civilidade. Como somos brutamontes, não podemos ter o direito inalienável de autodefesa. É o Estado-babá se intrometendo em todas as esferas da vida.
É bom relembrar o economista Thomas Sowell: “Parece que estamos cada vez mais perto de uma situação na qual ninguém mais é responsável pelo que faz, mas todos somos responsáveis pelo que os outros fazem”.
Mas essa política desarmamentista não tem funcionado. Como mostra o autor, o Brasil tem 60 mil homicídios por ano, e 11 das 30 cidades mais violentas do mundo, segundo a ONU. A conclusão parece óbvia: “A possibilidade de autodefesa inibe a violência”.
Os “progressistas” acham que desarmar civis é o caminho para a civilização, mas estão enganados: “Costumes, tradições, valores morais e regras de etiqueta -e não leis e regulações estatais- são o que fazem uma sociedade ser civilizada. Restrições sobre o comércio de armas não deixarão o país mais civilizado”, argumenta Cabrera.
Quando ocorreu o ataque em Paris, onde há forte restrição às armas, o foco não se voltou para a questão do desarmamento. Mas quando o terrorismo islâmico atua em Orlando, aí o fator terrorismo é deixado de lado para se falar apenas da venda de armas. Não faz sentido.
Até porque a boate gay que foi alvo era uma zona livre de armas, ou seja, um local em que o uso de armas já era proibido. Enquanto isso, o autor lembra de um caso em que o direito de ter arma reduziu a quantidade de mortos: “Já no Paquistão, o ataque à Universidade Bacha Khan só não teve mais vítimas porque professores e alunos também estavam armados”.
“O ser humano tem o direito à vida. Isso significa que ele tem o direito de não ter sua integridade física ameaçada ou violada. Se o mal existe, negar ao indivíduo a posse de meios de defender a própria vida é violar o direito a ela”, coloca Cabrera. A esquerda parece crer que, tirando as armas legais de circulação, o ser humano ficará bonzinho, civilizado, o que é uma visão infantil do mundo e da natureza humana.
Cabrera conclui:
O direito de o cidadão comum possuir armas é o mais extraordinário e, infelizmente, o menos compreendido dentre todas as liberdades garantidas em uma democracia. Você pode não gostar de armas. É um direito seu. Mas você não pode negar que liberdade e autodefesa são conceitos totalmente indivisíveis. Sem o segundo, não há o primeiro.
Eu não gosto de armas. Eu gosto do que elas defendem! Caso não esteja claro, melhor é recorrer a um dos “pais fundadores” da nação de Obama, Thomas Jefferson: “Nenhum homem livre pode ser privado do uso de armas”.
Não gosta de arma, não se sente mais seguro tendo uma para se proteger? Ótimo: não compre uma arma. Mas impor o mesmo comportamento aos demais é não só autoritário, como perigoso. Os lobos adoram um mundo onde só há ovelhas desarmadas…
Rodrigo Constantino