Não sou jornalista de formação, e sim economista. Sempre tive algum receio de o jornalista acabar como um advogado criminal que defende bandidos: deixando a ética e o lado humano completamente de lado em busca do “furo” de reportagem (ou, no caso do advogado, da vitória que vai livrar o marginal da cadeia).
Cobrir tragédias exacerba esse risco. Entendo o lado da mídia, que está lá para mostrar os fatos, o que pode também ajudar. A própria assessora de Trump reconheceu a importância da imprensa no mutirão de ajuda aos desabrigados do Texas, após a passagem do furacão Harvey. Mas de vez em quando acontece isso que aconteceu com a repórter da CNN, ao tentar entrevistar uma mãe visivelmente transtornada num abrigo:
Às vezes falta sensibilidade por parte do jornalista mesmo. Como nesse outro caso, em que a repórter da MSNBC tentou politizar a entrevista com o senador texano Ted Cruz, apontando uma suposta hipocrisia quando ele foi contra uma medida na época do furacão Sandy, e levou uma merecida bordoada:
Infelizmente, há uma turma que só enxerga política, e ainda por cima numa visão limitada de “nós contra eles”, como se tudo fosse um jogo de futebol. A mídia mainstream está cheia deles. São jornalistas realmente obcecados em atacar os republicanos, os conservadores, o presidente Trump. Gente como Caio Blinder, que prefere criticar a roupa da primeira-dama em vez de se preocupar com os desamparados na tragédia:
Mas, como o próprio senador Ted Cruz apontou, o lado bom dessas tragédias naturais é resgatar a esperança na humanidade, quando vemos tanta gente deixando de lado quaisquer diferenças ideológicas e se unindo em prol de algo maior, do altruísmo, do heroísmo, arriscando-se para ajudar o próximo. Foi o ponto destacado por Alexandre Borges, que traçou um paralelo com o espírito patriótico dos ingleses durante a Segunda Guerra:
Seria bom se todos conseguissem abandonar um pouco a politicagem e a demagogia para ajudar quem realmente está precisando de ajuda. Se Trump demora a ir para Houston, ele é negligente e não liga para as vítimas de Harvey; se ele aparece cedo demais, é demagogia e ele será acusado de desviar a atenção para o que realmente importa, a ajuda humanitária às vítimas do furacão. É uma “lose-lose situation”, que será explorada pelos abutres da imprensa que parecem viver para atacar o presidente.
Enquanto isso, os texanos estão lá, perdendo suas casas, eventualmente suas vidas. Ainda bem que a imensa maioria das pessoas, especialmente dos americanos, não quer saber dessa politicagem no momento. É hora de união. É hora de mostrar o que nós, seres humanos, temos de melhor: a capacidade de gestos nobres e corajosos para mitigar o sofrimento alheio, a disposição ao sacrifício pessoal em nome de algo maior.
Boa sorte a todos os texanos e parabéns aos que estão fazendo de tudo para ajudá-los.
Rodrigo Constantino
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