O temporal com ventos acima de 100 km/h deixou um rastro de destruição e morte no Rio de Janeiro. As imagens que circularam nas redes sociais chocaram pela força do vento e os alagamentos. Já são seis mortos oficiais, e moradores de vários bairros relatam momentos de pânico. A natureza é mesmo implacável.
Como alguém que vive na Flórida há quase quatro anos, sei bem disso. Aqui temos furacões, e recentemente um deles foi bem assustador, destruindo boa parte de Key West. Não há como evitar o “castigo” da natureza: ela é indiferente a nós. E não adianta falar em “aquecimento global” causado pelo homem: o fenômeno sempre existiu, e não há indícios de aumento de intensidade.
Qualquer desastre natural hoje é visto como resultado certo do aquecimento global e, portanto, do capitalismo, o verdadeiro alvo dos ecoterroristas. O furacão Katrina, que devastou New Orleans, foi um exemplo claro disso. Como será que essa gente iria reagir aos desastres do passado, quando ninguém falava em aquecimento global?
Em termos de força, o pior furacão se deu em 1935, seguido pelo Camille, em 1969. O Andrew, de 1992, vem depois, mas logo em seguida temos um em 1919 e outro em 1928. As enchentes chinesas matam milhares de pessoas desde o século XIX. Seria culpa do “aquecimento global” também?
A histeria parece ter tomado conta de todos atualmente, levando a concluir que qualquer catástrofe natural tem a mão do homem, através das indústrias. Furacões, inclusive mais intensos, sempre nos acompanharam, mas eis que agora o homem é seu causador! Não é assim que funciona. O temporal no Rio não tem culpado. Ele apenas aconteceu.
O que podemos fazer, porém, é mitigar seus efeitos. E é aqui que faz toda diferença ser ou não civilizado e capitalista. Reparem que as regiões mais afetadas são as favelas. Três das seis mortes ocorreram no Morro do Vidigal, na Rocinha e em Barra de Guaratiba. São áreas mais pobres, além da questão do morro.
O mesmo furacão que destroça Cuba ou Haiti, matando vários, costuma causar estragos bem mais limitados na Flórida. A diferença? A infraestrutura, a organização, o preparo, a robustez das construções etc. Enfim, não temos como controlar o clima, a natureza, ao contrário do que pensam os megalomaníacos e arrogantes. Mas podemos melhorar a resposta a essas catástrofes naturais.
New Orleans foi inundada pela destruição de uma barragem, mas a cidade ser uma das mais pobres do país em nada ajudou. Brumadinho sofreu recentemente com a lama que veio mais da irresponsabilidade humana do que da chuva natural. O mesmo temporal que mata no Rio e espalha o caos pela cidade maravilhosa seria enfrentado certamente com mais resistência e segurança aqui na Flórida.
A diferença é de infraestrutura e de cultura. Sobre essa parte temos algum controle. Sobre a natureza, não.
Rodrigo Constantino
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS