Estava no avião durante o terceiro e último debate presidencial americano, e tive que vê-lo na íntegra agora apenas, apesar da exaustão com a viagem. Escreveria, como de praxe, um grande texto resumindo minhas impressões, mas encontrei duas análises tão boas e parecidas com o que pretendia dizer que prefiro apenas recomendá-las aqui.
Destaco somente a linha geral: ambos são fracos, mas enquanto Trump quer juízes na Suprema Corte que garantam a Constituição, Hillary quer juízes ativistas das causas LGBT e feminista para tratar o documento como “organismo vivo”, ou seja, revolução das minorias na veia; enquanto Trump quer reduzir impostos corporativos, Hillary vai aumentar impostos; enquanto Trump se diz “pró-vida”, Hillary defende o direito de abortar até no nono mês de gravidez (isso não seria um assassinato, gente?); enquanto Trump cobrava de Hillary sobre a fortuna que sua fundação recebeu de governos que matam gays ou escravizam mulheres, Hillary provocava Trump por fazer “O Aprendiz” na TV; enquanto Trump quer mais rigor na imigração e cobrar o cumprimento das leis, Hillary quer “fronteiras abertas”; enquanto Trump quer melhores acordos comerciais, Hillary quer o New New Deal, com o governo como locomotiva do crescimento e dos empregos.
Trump é bem fraco, mas não resta dúvidas de que é menos pior do que Hillary. O debate não deve reverter o quadro, mas serviu para mostrar as maiores diferenças entre ambos, e mais importante: entre os dois partidos. São visões distintas para a América, e os republicanos querem resgatar o que fez dos Estados Unidos esta grande nação livre e próspera, enquanto os democratas querem caminhar na direção da latinização de seu país, que não amam de verdade, pois querem mudá-lo “fundamentalmente”. Trump é um risco enorme; Hillary é a certeza do desastre.
E agora vamos às análises. Primeiro, a de Alexandre Borges, que entende como poucos no Brasil de política americana. Ele escreveu dando destaque para o papel do moderador, Chris Wallace, da Fox News, que realmente se mostrou disparado o melhor deles, o menos enviesado, justamente do canal considerado “radical de direita”:
O grande vencedor do encontro de septuagenários ontem foi Chris Wallace e o que ainda resta de jornalismo no mundo.
Muita gente parece surpreendida ao descobrir que a Fox News hoje está a anos-luz de distância dos concorrentes e possui, na média, os melhores âncoras e repórteres do país. O espanto é fruto da opinião de segunda mão de quem nunca se deu ao trabalho de ver a Fox News e forma sua opinião baseado no que a esquerda fala dela.
Quanto aos debatedores, não houve um vencedor claro, o que significa uma leve vantagem para Hillary que aparece liderando as pesquisas. É um cenário realmente difícil para Donald J. Trump, mesmo que não impossível.
A eleição passa, o jornalismo fica. A importância cultural da Fox News para que os EUA não caiam de vez nas mãos da esquerda é difícil de ser entendida por intelectualóides e palpiteiros que ainda acham que o inimigo será vencido falando de economia, de tamanho do estado, déficits, taxas de juros e outras abstrações semelhantes.
A campanha democrata, como de toda esquerda, é cada vez mais focada na demonização do adversário, no assassinato de reputações. O eleitor de Hillary é, antes de mais nada, alguém que tem medo ou nojo de Trump, que acha que o bilionário é um desequilibrado sexista e racista, o que basta para escolher a outra opção. Peça para um defensor da Hillary elogiar sua própria candidata e ele começará a gaguejar, já que ele foi doutrinado para apenas xingar Trump.
A esquerda sabe vencer campanhas eleitorais, especialmente a esquerda americana. São profissionais e não estão de brincadeira, sabem o que está em jogo e não estão jogando para perder. Enquanto o outro lado não aprender as regras do jogo, vai perder sempre.
Agora é orar pela América e pelo Ocidente, a sorte está lançada. Seja qual for o resultado da eleição americana, que todos nunca esqueçam de que a luta cultural continua e é a mais importante do mundo hoje. Os republicanos possuem maioria no Congresso e podem fazer com um eventual governo Hillary o mesmo que fizeram com o marido dela nos anos 90, uma oposição ferrenha e patriota, e nem tudo estará perdido. O tempo dirá.
Sem a FOX News e gente como Chris Wallace, a eleição lá seria apenas entre duas versões de Marcelo Freixo com um banho de loja e media trainning. E nada garante que a eleição de 2020 não será, basta pararem de lutar.
Por fim, recomendo os twits reunidos nesse texto de Felipe Moura Brasil, que fez uma boa avaliação do debate também. Dou destaque aos últimos, em que comenta o momento de maior escorregada de Trump, apesar de compreensível pelo que ele tentou alertar, mas que serviu como munição para a imprensa esquerdista, ou seja, quase toda ela:
– Trump (o candidato) disse que decidirá “na hora” se aceitará o resultado das eleições do dia 8 de novembro. Imprensa até hoje não aceitou sua candidatura.
– Afetar indignação com recusa de Trump em garantir que aceitará resultado, sem mostrar vídeo de operadores do Partido Democrata admitindo fraudes, é fácil.
– Dr. Ben Carson, aliado de Trump: “Somos um país que pode enviar homens à Lua… e não conseguimos monitorar a votação apropriadamente?”
– Recusa de Trump dá manchete para que imprensa tente desmerecer seu temperamento. Mas nada há de mais em deixar opção aberta para contestar resultado.
– Hillary disse em 2002 que George W. Bush foi “selecionado” presidente, não eleito. Quem é mesmo que não aceita resultado de eleição?
Que venha a eleição, e que vença o menos pior! Se der Hillary Clinton mesmo, que Deus tenha piedade do povo “estadunidense” e do mundo todo, e que as instituições americanas possam resistir a mais esta rodada de pressão populista de esquerda.
PS: Um comentário de Leandro Ruschel também merece menção: “Trump é uma pessoa muito má, usou palavras feias para se referir às mulheres! Vamos dar um desconto a Hillary, ela apenas defendeu o direito de abortar fetos com 9 meses de vida. Nada que se compare aos palavrões de Trump…”
Rodrigo Constantino
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