Uma reportagem do WSJ diz que o ator global Thiago Lacerda pensa em engrossar a fila dos que resolveram desistir de viver no Brasil em busca de segurança para suas famílias no exterior, normalmente Portugal ou Flórida. Thiago tem um estilo de vida que poderia ser invejável: curte as belas praias do Rio, aproveita o que a “cidade maravilhosa” tem a oferecer em termos de beleza natural e “descolamento”. Mas ele está “apavorado” com a violência descontrolada.
“Estou totalmente assustado com o que está acontecendo, especialmente aqui no Rio”, disse Lacerda. Por meses, o ator de 40 anos tem agonizado sobre a possibilidade de mudar sua família para a Europa pela segurança de seus três filhos pequenos. “Em alguns anos, eles vão querer sair, para começar a namorar, sem se preocupar em levar um tiro”, disse.
O governo do Brasil tem lutado para acompanhar quantos de seus cidadãos vivem no exterior, mas uma série de estudos recentes pinta um quadro sombrio. Com a eleição presidencial do país em outubro se aproximando, 41% mais brasileiros se registraram para votar no exterior do que em 2014, de acordo com dados do governo.
Enquanto isso, o número de brasileiros entrando com notificações de emigração na Receita Federal atingiu 21.700 no ano passado, quase três vezes mais do que em 2011, quando as autoridades começaram a compilar os dados.
Ao contrário dos latino-americanos que fogem para os Estados Unidos por causa da violência de gangues ou em busca de trabalho, estes brasileiros, diz a reportagem, são muitas vezes membros da elite do país – “precisamente as pessoas que estão em um melhor posição para ajudar a mudar o Brasil”, disse Naercio Menezes Filho, diretor do centro de política do Insper, uma escola de negócios de São Paulo.
Cerca de metade dos brasileiros mais ricos – aqueles com uma renda familiar mensal de mais de U$$ 2.500 – quer emigrar, enquanto 56% dos brasileiros com formação universitária querem sair, de acordo com um estudo publicado em junho pela agência de pesquisas Datafolha. No geral, 43% dos brasileiros emigrariam se pudessem.
A violência é o principal motivo. Como alguém que tomou essa decisão há pouco mais de três anos, posso atestar que o choque cultural é profundo e a mudança na qualidade de vida é espantosa. Como sapos escaldados, acostumamos a achar normal o que é bizarro, e nos adaptamos a uma vida insana, reféns dos marginais.
Nem tudo é céu de brigadeiro para quem se muda. Aqui na Flórida, por exemplo, não há a molezinha da farta mão de obra barata para serviços básicos, e somente os muito ricos podem ter empregadas fixas ou babás para seus filhos. O restante tem que ralar mesmo, fazer sua parte, meter a mão na massa. Mas, apesar do trabalho constante em casa, as recompensas são enormes.
Thiago Lacerda é ator da Globo, também chamada pejorativamente de Projaquistão, tamanha a quantidade de gente presa na bolha “progressista” ali. Infelizmente essas pautas têm ajudado a manter o Rio e o Brasil no atraso e no caos. Ele nunca foi dos mais engajados nessas causas, e chegou a comprar briga pública com os xiitas petistas, como Paulo Betti.
Os atores e “intelectuais” que adoram defender o socialismo jamais vão se mudar para Cuba ou Venezuela. Mas é legítimo alguém que rejeita tais receitas socialistas buscar refúgio na capitalista América ou na Europa, que vive seus problemas graves por conta da imigração descontrolada, especialmente com uma “invasão” islâmica, e as contas públicas destruídas pelo “welfare state”. Ainda assim, é primeiro mundo e tem o legado do capitalismo liberal para sustentar a farra atual (por quanto tempo extra ninguém sabe).
Esse “brain drain”, ou fuga de intelectos, é talvez o maior risco para o Brasil a longo prazo. É um capital humano de alta qualidade que está jogando a toalha e abandonando o país, destroçado pelo PT. Alguns podem voltar se as coisas melhorarem, mas vários não voltam mais depois de tomar gosto pela vida decente no primeiro mundo. Foram tratados de forma muito ruim por seu próprio país.
O que estamos vendo é aquilo retratado em A Revolta de Atlas, novela da filósofa russa Ayn Rand. Os empreendedores, os que criam riquezas, os cidadãos corretos estão entrando em greve, fugindo para “Atlântida”, para um rancho nas montanhas – ou no Everglades mesmo. Cansaram de só apanhar em seu país, do governo corrupto ou dos bandidos comuns. Se o quadro não se reverter logo, as próximas novelas vão ter que contratar haitianos como atores.
Rodrigo Constantino