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Não é pouca coisa. O PT é como um parasita que vinha destruindo cada célula de nossa República, espalhando a doença pelo país. Tinha de ser extirpado do organismo. Mas deixa sequelas. E não foi totalmente destruído. Nem perto disso. A célula-mãe pode ter sido eliminada, mas ela deixou inúmeros filhotes espalhados pela máquina estatal, pela imprensa, cultura, academia. Derrotar o PT numa batalha é uma coisa; vencer o petismo na guerra é outra, bem diferente. Estamos distantes disso, como argumenta o historiador Marco Antonio Villa em sua coluna de hoje:

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Não há dúvida de que o Brasil vive a mais grave crise do período republicano. O país aguarda a conclusão do processo de impeachment para iniciar o longo e penoso processo de reconstrução nacional. O PT esgarçou os tecidos social e político a um ponto nunca visto. Transformou o Estado em correia de transmissão dos interesses partidários. E desmoralizou as instituições do estado democrático de direito.

O projeto criminoso de poder deixou rastros, por toda parte, de destruição dos valores republicanos. Transformou a corrupção em algo rotineiro, banal. A psicopatia petista invadiu, como nunca, o mundo da política nacional. Mesmo com as revelações das investigações dos atos criminosos que lesaram o Estado e os cidadãos, o partido e suas lideranças continuaram a negar a existência do que — sem exagero — pode ser considerado o maior desvio de recursos públicos da história da humanidade.

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Não há qualquer instância do Estado sem a presença petista. Por toda parte, o PT foi instalando seus militantes e agregados. Transformou o governo em mero aparelho partidário — e isso sem que tenha chegado ao poder pela via revolucionária. Esta é uma das suas originalidades. Usou de todas as garantias da democracia para solapá-la.

Não chega a ser tão original assim quando pensamos em Gramsci, em Chávez na Venezuela, no “socialismo do século XXI”. Essa foi exatamente a estratégia usada: destruir a democracia de dentro dela. E o PT quase conseguiu o mesmo no Brasil. Ainda não sabemos ao certo se a ameaça foi mesmo afastada.

Como lembra Villa, as leis não valem para o PT como deveriam ou valeriam para outros partidos, tanto que mesmo com dois tesoureiros presos e outro sendo processado, a cassação do registro do partido nem passa pelo debate político nacional.

Ninguém precisa achar que a polícia brasileira era decente ou razoável antes do PT. Mas nunca antes na história deste país se viu uma crise de representação dessa magnitude. O povo não enxerga na classe política nenhum elo com seus interesses. As instituições estão carcomidas, e poucas vezes tivemos uma elite tão desprovida de consciência cívica.

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“O impeachment de Dilma Rousseff — que é muito importante — precisa ser complementado por ações que levem a uma reestruturação do Estado, das suas instituições e, principalmente, de suas práticas”, conclui Villa. Resta saber se os agentes políticos se mostrarão à altura do desafio, ou se deixarão seus objetivos míopes de curto prazo falarem mais alto.

A julgar pela disputa pelo comando da Câmara dos Deputados, fica difícil alimentar muitas esperanças…

Rodrigo Constantino