Quer fazer promoção do seu filme engajado? Então faça um protesto patético em Cannes e receba, como recompensa, um espaço enorme no caderno de cultura do jornal:
O tom da reportagem não poderia ser mais positivo. O petralha que recebia verba pública e ficou chateado com a perda do cargo foi retratado como um grande liberal preocupado com os mais pobres. Sim, o mesmo que reclama do MinC ir para baixo do MEC, mas não diz uma só palavra sobre a destruição econômica do PT.
Seu filme, que não vi e não gostei (e acho que todos deveriam boicotar), trata da “especulação imobiliária”. Ó, céus! Os tubarões capitalistas gananciosos contra uma moça que quer apenas preservar um prédio velho. Quem quer ver a realidade disso pode verificar os prédios “apaqueados” no Leblon, o metro quadrado mais caro do país. A APAC veta a “especulação imobiliária”, e o resultado são prédios decadentes, caindo aos pedaços, num terreno que vale ouro. Pergunte se os proprietários da vida real estão felizes?
Gananciosos são sempre os outros, as construtoras que empregam milhares, nunca os atores e diretores que ganham milhões, de preferência com verba pública. O filme “Aquarius” já nasce totalmente eivado de proselitismo ideológico, de propaganda partidária. E o sujeito ainda contamina o termo liberal! Aí já é demais. Não, a moça não é liberal, assim como você não é liberal, e sim petralha. Não vamos permitir essa usurpação do termo como fizeram nos Estados Unidos.
Liberal é quem defende o livre mercado, e isso não combina com mamata estatal e ataque aos “especuladores imobiliários” que visam ao lucro. Não venha manchar a imagem do conceito do liberalismo!
Rodrigo Constantino