O presidente Trump, em seu estilo um tanto fanfarrão, gosta de repetir que está sempre “winning, winning, winning”, ou seja, vencendo todos os desafios. Resolveu alfinetar, com excesso de autoconfiança (ou seria arrogância?), seus adversários políticos e antecessores, acusando os democratas de nada terem conseguido com a Coreia do Norte em anos, usando apenas de diplomacia soft.
Gerou, assim, grandes expectativas na segunda rodada de negociações que marcou com Kim Jong-un, o ditador comunista. Tão seguro de sua estratégia, chegou a fazer elogios completamente desnecessários ao psicopata assassino, conforme já condenei. Se fosse para aprovar um bom acordo, talvez esse ápice de pragmatismo amoral fosse justificável. Mas e agora, que houve apenas fracasso?
Trump decidiu abandonar as negociações de forma abrupta no Vietnã, retornando para Washington nesta manhã. Ele disse que os Estados Unidos não pretendem levantar as sanções econômicas contra a Coreia do Norte, não sem antes garantir um processo de desnuclearização. Trump está certo em ser firme nessa exigência, claro. O gordinho atômico é conhecido por ser um grande blefador.
O presidente americano disse a jornalistas que cobrou de Kim mais empenho em acelerar a desnuclearização do país, mas o ditador não estava preparado para fazer isso. “Algumas vezes você precisa abandonar”, constatou o autor de “A arte da negociação”. E sem dúvida essa é uma estratégia legítima, ainda que arriscada. Interrompe-se a negociação para demonstrar ao opositor que não há espaço para muitas concessões.
O perigo, claro, é sair de mãos vazias, abanando, sem qualquer acordo. E tudo indica que será esse o resultado. O ditador comunista quer o fim de todas as sanções imediatamente, e óbvio que a América não pode aceitar uma coisa dessas. Kim estaria disposto a ceder em várias áreas de desnuclearização, mas o preço cobrado foi alto demais. E agora?
Ninguém sabe. Mas a única coisa que se sabe é que o estilo de Trump é divertido quando ele está, de fato, “winning”, mas pega muito mal quando ocorre uma derrota. É análogo ao jeito arrogante e fanfarrão de Eike Batista: quando era “o homem mais rico do Brasil”, muitos toleravam ou achavam até graça; mas quando o império de espuma veio abaixo, aquela arrogância toda virou apenas isso: arrogância tola.
Trump talvez pudesse ser mais humilde, evitar esse tipo de constrangimento. Foi embora sem nada concreto, e deixou para trás elogios indefensáveis àquele que talvez seja o mais sociopata ditador vivo, que manda matar seus próprios parentes com requinte de crueldade. Valeu a pena, presidente?
Rodrigo Constantino
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