O presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou nesta sexta-feira, 16, um endurecimento nas restrições aos americanos que viajam a Cuba e repressão aos acordos comerciais de Washington com a ilha.
Ele disse que, “com a ajuda de Deus, uma Cuba livre é ao que vamos chegar em breve”.
O republicano afirmou diante dos membros da comunidade cubana em Miami que convém a Washington “ter liberdade em nossa região, tanto em Cuba como na Venezuela”.
“É melhor para os EUA ter liberdade em nossa região, tanto em Cuba como na Venezuela”, afirmou o presidente em um pequeno teatro em Little Havana, em Miami, coração da comunidade de cubanos que fugiram da ilha para os EUA depois da Revolução de 1959.
Como não aplaudir? Se hoje os comunistas latino-americanos vão dormir mais tensos, os amantes da liberdade suspiram com a esperança de que o regime mais nefasto do continente seja finalmente asfixiado, em vez de receber auxílio respiratório como no acordo de Obama.
O ex-presidente democrata fez um “deal” de pai pra filho com Raúl Castro, ajudando a dar sobrevida ao moribundo, justo no momento em que a ausência da figura de Fidel Castro colocava pressão sobre o regime.
Isso sem falar do lado desumano do acordo, de mandar de volta os cubanos que consigam chegar a Miami, devolvendo gente como se fosse gado. Eis um trecho da fala de estadista de Trump:
Permitir o “comércio” com a ilha-caribenha é liberar a escravidão. Seria inaceitável um país decente permitir hoje em dia que seus cidadãos participem do tráfico mundial de escravos, por exemplo. Mas é basicamente isso que representa “investir” em Cuba, no “turismo”. Não passa de turismo sexual sustentado por escravos. O relato de um conhecido meu mostra a realidade da coisa, que nunca será mostrada em “documentário” da GloboNews:
Meu tio foi ser gerente geral de um hotel 5 estrelas americano que está abrindo lá [em Cuba]. Já tinha trabalhado em 12 lugares do mundo antes. Pediu demissão essa semana, disse que nunca viu nada igual. Escravidão pura e simples. Os funcionários do hotel ganham 1 dólar por dia, pago pelo governo, comida racionada e são revistados antes de saírem . Ele alimenta os caras no quarto, escondido. Seu telefone é grampeado, ja teve o quarto revirado pelo exército umas 3 vezes. Quando falo com ele no telefone os 5 primeiros minutos são exaltando os Castros, para acalmar os milicos. Diz que os milicos estão muito felizes, cada vez mais ricos, usam o hotel e ganham fee [taxas]. Ele está lá há mais de 1 ano, os relatos são dramáticos.
Pois é. Vamos incentivar o investimento nisso? Vamos liberar geral para ajudar a manter esse regime? E ainda por cima vamos justificar esse ato vil com base no argumento nobre de que estamos preocupados com o povo cubano?
Venezuela não tem embargo, e isso não impediu que a ditadura comunista tomasse conta do país. São centenas de mortos já, a população está na completa miséria, enquanto os americanos compram petróleo do país. De que serviu praticar comércio com o regime, enchendo os cofres da PDVSA? Apenas ajudou a financiar a ditadura.
Quando a Goldman Sachs comprou títulos do governo venezuelano, foi duramente criticada, com razão. Estava financiando indiretamente uma tirania socialista. Sanções são instrumentos diplomáticos para exercer pressão. Thatcher já fez uso deles também. Trump está certo ao resgatar essa forma de pressão, em vez de alimentar uma ditadura, como fez Obama.
É preciso endurecer com os ditadores. Essa crença de que fazer “comércio” com eles será bom é falaciosa. Bom para quem? O povo sofrido tem que ter meios de lutar contra o regime, não de se sentir melhorzinho e se eternizar como gado. Talvez, com muitos turistas americanos, o escravo passe a ganhar dois dólares por dia… mas as chances de revolta democrática aumentam ou diminuem?
A saída para Cuba não será fácil. Mas passa pelo confronto, não pelo “turismo” (sexual). Aliás, segue outro relato de conhecido meu sobre sua experiência na ilha-presídio caribenha:
Quando estive em Havana, fui jantar no topo de um grande hotel e pós-jantar começou um desfile. Modelos desfilando, fazendo performances etc. Estava eu e um casal de amigos, quando percebemos que no desfile, o que estava à venda não eram as roupas, e sim as pessoas. Elas vinham nas mesas se apresentar e a galera ia “raspando”.. foi surreal.
É isso que vai salvar Cuba dos Castro? É isso que Obama queria incentivar, em nome da liberdade do povo cubano? Resgatar valores morais é fundamental, porque sem eles o livre mercado não sobrevive, como sabia Adam Smith. Não pode ser o comércio a qualquer custo, ainda que bancando uma ditadura opressora. É verdade que não é viável desafiar todos os regimes opressores, e que algum pragmatismo e realpolitik são necessários.
Mas deve haver um limite. Ainda mais para um país tão próximo, com tantos cubanos vivendo na América, com parentes aprisionados pela ditadura comunista. Hoje essa gente está celebrando a decisão corajosa de Trump. E os socialistas estão chorando. Melhor assim, sempre.
Rodrigo Constantino