O presidente Trump se encontrou uma vez mais com Kim Jong-un, o terrível e psicopata ditador comunista da Coreia do Norte. A “desnuclearização” está na pauta, e o presidente tuitou que a conversa foi ótima, um sucesso.
Ele se diz otimista em relação à postura de Rússia e China também, e está confiante num acordo vantajoso para a América, ou seja, para o mundo ocidental livre.
Trump também alfinetou os críticos à esquerda, questionando o que os democratas conseguiram avançar com a Coreia do Norte nesse tempo todo, e dando a resposta: nada!
Se um acordo efetivamente sair, e em bons termos para o Ocidente, será uma conquista realmente louvável de Trump. O mundo será um lugar mais tranquilo, um pouco mais tranquilo. E isso tem muito valor.
Mas surge a questão: até onde deve ir o pragmatismo do presidente para conseguir esse acordo? Pergunto isso pois, segundo a CNN, Trump teria feito um comentário simplesmente absurdo e asqueroso diante do ditador, afirmando que muitos que foram criados por pais ricos e poderosos se tornaram “ferrados” de cabeça, mas não Kim.
O presidente não negou em suas redes sociais o comentário, pois a primeira desconfiança é fake news quando se trata dessa mídia torcedora e partidária, que odeia Trump mais do que ama os fatos e a verdade. Não seria a primeira “declaração de amor” de Trump ao ditador também.
Se ele fez mesmo essa declaração sobre filhos de pais ricos e poderosos que se estragam na vida, colocando o ditador coreano fora dessa lista, trata-se de um comentário mais do que infeliz: completamente inaceitável, indecente, imoral, ultrajante, ofensivo.
Insinuar que milhares de americanos se deram mal na vida com pais poderosos, mas que Kim Jong-un, aquele que manda matar com requinte de crueldade os próprios familiares, representa um caso interessante de exceção, é algo simplesmente podre demais, mesmo para os padrões de Trump.
Sim, Churchill disse que iria até o Inferno e faria um ou dois elogios ao próprio Diabo se fosse para derrotar o nazismo e Hitler. Trump pode estar de olho só nos resultados das negociações, e tenta ganhar pontos pela vaidade, apostando na fraqueza do ditador. Mas deve haver um limite para essa estratégia.
Não é aceitável um presidente dos Estados Unidos ofender os americanos e tecer elogios a um verdadeiro sociopata, nem mesmo para obter um bom acordo (e há muitas controvérsias se essa tática infantil surtiria efeito com um maluco assassino desses).
Falar que muitos americanos são “fucked-up”, mas que o “fofo” do Kim se saiu bem, apesar de pai poderoso, é sintoma de que os valores morais de Trump é que estão bem “fucked-up”. Não tem pragmatismo que justifique isso. Talvez Trump se inclua na lista dos mimados que foram estragados por pais ricos e poderosos…
Rodrigo Constantino