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O presidente Obama era o ícone do politicamente correto, cria do multiculturalismo, e repetia com frequência não só que pretendia transformar “essencialmente” a América, como que ela não tinha nada de “excepcional”. Ou seja, Obama era do tipo que quase pede desculpas pelo legado ocidental, que tem na América seu ápice. O que digo?! Obama pediu desculpas!

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Mas o presidente Trump é de um tipo diferente. Ele não joga de acordo com as regras do politicamente correto, não segue a cartilha do multiculturalismo e não se enquadra no perfil imposto pela grande imprensa. Trump venceu com um discurso de fazer a América grande novamente, de colocar a América em primeiro lugar (e ele é o presidente americano, não do planeta, vale lembrar), e de enaltecer as conquistas da civilização ocidental, a mais avançada que temos.

Crime imperdoável para os jornalistas de hoje. Na “marcha das minorias oprimidas” é fundamental culpar o Ocidente em geral e a América em particular por todos os males da humanidade. Na “revolução das vítimas” de hoje é crucial cuspir no legado do “homem branco ocidental”, ainda que seja justamente no Ocidente onde as “minorias” gozam de mais liberdade e direitos. Mas Trump não liga para essa afetação hipócrita.

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E isso ficou muito claro em Varsóvia, onde Trump fez o melhor discurso de seu governo, quiçá de sua vida.  Foi seu momento Reagan, como alguns disseram. Seu lado Churchill, talvez. Trump enalteceu o legado ocidental, disse com firmeza que o Ocidente jamais será destruído, e reforçou os valores que fizeram da civilização ocidental o farol do mundo livre. Que diferença para Obama! E que falta fazia um presidente americano que agisse assim. Até na página da CNN o discurso teve mais curtidas do que “descurtidas”, ainda que por pequena margem.

Mas, claro, a esquerda multiculturalista logo saiu em ataque, alegando se tratar de uma fala “preconceituosa” e “racista”. Para essa turma é assim mesmo: se você constata que há mais liberdade no Ocidente, inclusive para as “minorias”, então naturalmente você só pode ser um etnocentrista xenófobo que odeia… as “minorias”.

Quem ama o negro, por exemplo, deveria enaltecer a África, onde os negros ainda são escravos. Quem ama a mulher deveria elogiar o Islã, que a mantém submissa. Quem ama o homossexual deveria igualmente aplaudir o Oriente Médio, onde ele é até enforcado, à exceção de Israel, que tem uma das maiores paradas gays do mundo (mas “curiosamente” é o país mais atacado na região pelos que dizem defender as tais “minorias”).

O discurso brilhante de Trump foi tema da coluna do professor João Espada no Observador, com um título que já deixa a pergunta-chave no ar: Já não se pode defender o Ocidente? E sabemos a resposta: não, para a patota “progressista” pode fazer tudo, menos defender o Ocidente. Pode cuspir à vontade no cristianismo, mas não ouse fazer uma só crítica ao Islã, seu “islamofóbico”! E por aí vai. Diz o professor Espada:

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Esta crítica não deve ser menosprezada. No plano das ideias — que é o plano que produz mais consequências — esta crítica exprime o beco sem saída a que a ideologia politicamente correcta conduziu uma boa parte da “intelligentsia” pós-moderna ocidental, sobretudo em muitas (mas felizmente não todas) universidades.

Por um lado, ela contesta a aspiração universal dos valores da liberdade e responsabilidade pessoal que estão no centro das modernas democracias liberais. Quando estes valores são apresentados como universais, os críticos pós-modernos denunciam essa aspiração universal como “imperialista”. Dizem que esse universalismo viola as diferenças entre culturas, proclamando como universais valores que são apenas específicos de uma certa cultura — a ocidental. Esta é a base do chamado “multiculturalismo”.

Por outro lado, quando os mesmos valores da liberdade e responsabilidade pessoal são defendidos como parte distintiva da tradição ocidental, os críticos pós-modernos dizem que o conceito de “tradição ocidental” esconde um “nativismo racial [branco] e religioso [cristão]”.

Face a este duplo raciocínio pós-moderno, uma pergunta parece inevitável: se não podemos defender a liberdade como valor universal, e se não podemos defender a liberdade como valor ocidental, seremos ainda autorizados a defender a liberdade?

A pergunta não tem mero intuito retórico. O Ocidente é a tradição cultural que por excelência se define com base em valores, não com base em exclusivismos étnicos ou religiosos. É a tradição fundada nos valores da sociedade aberta, usualmente definidos a partir dos pilares pluralistas de Atenas, Roma e Jerusalém. E é a tradição que historicamente se revelou mais aberta a receber pessoas oriundas de outras tradições.

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No entanto, esta mesma tradição ocidental é agora impedida de defender os seus valores. Ao mesmo tempo, ela é moralmente obrigada a receber todos os que, vítimas de sociedades em que esses valores não são respeitados, procuram as sociedades abertas que são fruto dos valores ocidentais. Só que estes são os valores que agora não podemos defender — nem como universais, nem como ocidentais!

O paradoxo salta aos olhos, expondo a hipocrisia da esquerda globalista. Mas felizmente cada vez mais gente tem se dado conta dessa contradição, e resistido contra o pós-modernismo politicamente correto e antirracional. Seu relativismo moral e cultural é sempre seletivo e, portanto, hipócrita. Mas o Ocidente busca novas lideranças, que saiam em defesa não dos “imigrantes muçulmanos” ou do multiculturalismo, mas sim do legado ocidental, que merece ser preservado.

Trump, ao fazer um discurso tão claro e enfático, mostrou-se finalmente um líder à altura do desafio que se impõe ao Ocidente, ameaçado por bárbaros de fora e de dentro dos portões, sendo os mais perigosos justamente aqueles que vêm de dentro e possuem muitas vezes doutorado em áreas de humanas…

Rodrigo Constantino