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Republican presidential candidate, businessman Donald Trump stands during the Fox Business Network Republican presidential debate at the North Charleston Coliseum, Thursday, Jan. 14, 2016, in North Charleston, S.C. (AP Photo/Chuck Burton)
Republican presidential candidate, businessman Donald Trump stands during the Fox Business Network Republican presidential debate at the North Charleston Coliseum, Thursday, Jan. 14, 2016, in North Charleston, S.C. (AP Photo/Chuck Burton)| Foto:

O escritor Martim Vasques da Cunha escreveu um artigo muito interessante na Folha, em que define Donald Trump como “o imprevisível”, mas puxando para o lado bom da coisa, estimulante. A começar pela derrota que impôs aos caciques da grande imprensa, aqueles que precisam acreditar no mundo que criaram em suas ideologias, pois o mundo real lhes seria insuportável. Diz o autor:

Esqueçam os clichês progressistas segundo os quais Trump e seu eleitorado seriam “populistas”, “xenófobos” e “nacionalistas”. Isso é uma retórica reacionária de uma imprensa “iluminada” que recebeu a sua ordem de demissão sumária há alguns dias.

Afinal de contas, segundo essa patota, ver o mundo pelos prismas ideológicos é um vício transformado em virtude, mas tal postura somente prova que os jornalistas, em especial os brasileiros, são uns pobres-diabos. Anseiam por esse mecanismo de sobrevivência psíquica porque simplesmente morrem -e não falo apenas em termos profissionais- se aceitarem a realidade tal como ela é.

O que o “círculo de sábios” não percebe é que a resistência representada por Donald Trump não é algo próprio das categorias “direita” ou “esquerda”. Trata-se da oposição de pessoas de carne e osso que divergem em muitas coisas, mas têm um interesse em comum: o desejo de que o Estado não se meta mais em suas vidas.

Martim elabora três pontos essenciais da estratégia de chegada ao poder de Trump, que merecem ser destacados aqui:

Donald Trump veio para alterar o establishment de Washington -e fez isso com os recursos mais inusitados. Em primeiro lugar, como bom empreendedor, pagou a campanha com uma parte considerável do seu próprio dinheiro, enquanto Hillary apelou para doadores de grandes empresas, interessadas em manter-se no status quo.

Em segundo, subverteu o discurso conciliador de um Partido Republicano que se recusou a entender que os EUA não queriam mais saber de senhores bem comportados, como foram John McCain e Mitt Romney nas disputas anteriores, nas quais Obama obteve dupla vitória.

Em terceiro, por meio de técnicas de persuasão cognitiva que a cada ataque da oposição o deixavam mais fortalecido, Trump mostrou que seu comportamento imprevisível era, no fundo, o pavio da mudança desejada pelos americanos após oito anos de governo progressista.

O que vai sair na prática disso, não sabemos ainda. Sabemos, claro, que as previsões apocalípticas dos esquerdistas são furadas, como tudo mais que sai deles. Estão prevendo o caos, o derretimento iminente do planeta, a grande depressão capitalista, desde sempre!

Aliás, parêntese: não é cômico ver um típico antiamericano lamentando que Trump venceu pois vai destruir a América? Não deveria ser exatamente isso que um esquerdista antiamericano deseja? Ora, quem odeia a América e acha que Trump será terrível para a América tinha que estar feliz, não choramingando pelos cantos, certo? Apenas mais uma incoerência esquerdista. Fecho parêntese.

O que dá para perceber é que Trump, com essa postura, já tem conseguido atrair o próprio establishment para seu lado. A turma que até ontem o demonizava já está cedendo, com discursos mais suaves, conciliatórios. Ele mesmo adotou tom mais diplomático em seu discurso de vitória. E vejam como colocou Paul Ryan no bolso:

Bobo o homem não é. Não acumulou seus bilhões todos, dando a volta por cima em empreendimentos fracassados, à toa. Sabe negociar, sabe persuadir, sabe vencer. E devemos dar algum crédito a ele por isso tudo. Talvez seja um tanto imprevisível mesmo, e os mercados não curtem incertezas. Mas só um trouxa prefere a certeza da desgraça, o destino inexorável se o país continuasse sob a toada “progressista”.

Mudança, aqui, é bem-vinda. O magnata bufão veio para chacoalhar o sistema, que estava podre mesmo. Em frente!

Rodrigo Constantino

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