“Nós simplesmente não podemos permitir que as pessoas entrem nos Estados Unidos sem serem detectadas, sem documentos, sem controle”. “Votei, quando era senadora, para criar uma barreira para tentar impedir a entrada de imigrantes ilegais”. Quem são os autores dessas frases? Donald Trump ou algum de seus aliados? Não. A primeira foi dita pelo então presidente Barack Obama, e a segunda pela ex-senadora Hillary Clinton.
O presidente Trump resgatou as falas dos líderes democratas para expor o oportunismo político de seus adversários, que preferiram impor um “shutdown” do governo a ceder no orçamento de apenas $5 bilhões para a construção do muro na fronteira com o México, promessa de campanha do presidente eleito.
Claro que, com esse montante, Trump não conseguiria construir um muro de fato, apenas um arremedo, um trecho simbólico. Mas é exatamente disso que o presidente está atrás: uma imagem para mostrar sua vitória retórica, e os democratas, de olho nas próximas eleições, recusam-se a conceder tal benefício ao republicano. Daí o impasse e o fechamento de funções não essenciais do governo, até que resolvam a questão.
O que Trump quis, com esse tweet, foi mostrar que a segurança na fronteira costumava ser um tema bipartidário. Hoje, porém, após a vitória com o foco obsessivo na construção do muro, os democratas preferem escancarar as fronteiras, com os riscos que isso representa para a população americana, a dar o gostinho de vitória a Trump.
É verdade que, na prática, os democratas nunca foram tão duros no aspecto da imigração, pois gostam da ideia de expandir a quantidade de imigrantes, mesmo que ilegais, de olho no populismo eleitoral a ser colhido depois. Mas é inegável que o relaxamento com o controle imigratório vem crescendo, o que explica em boa parte a vitória de Trump em 2016.
Trump tem deixado claro que não vai assinar nenhum acordo se não constar uma boa proposta para a segurança na fronteira. Agindo assim, o presidente tem exposto a falta de interesse dos democratas para com a segurança nacional, apesar do esforço da mídia mainstream em mostrar que Trump é o irredutível na disputa.
Os democratas adoram aprovar aumento de gastos, mas se recusam a liberar apenas $5 bilhões, trocado para Washington? Nancy Pelosi fez declarações diretas de que não vai ceder de forma alguma para a construção do muro. Ela agrada a elite “progressista” ao fazer isso, mas choca milhões de americanos de classe média, que sentem no dia a dia o custo da imigração ilegal. Esse imbróglio acaba sendo positivo para uma eventual reeleição de Trump em 2020. Os democratas nunca aprendem…
Rodrigo Constantino