Um almoço fechado do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) com parlamentares ruralistas expôs nesta terça-feira (28) divergências entre o pré-candidato ao Palácio do Planalto e o setor do agronegócio. O encontro foi na sede da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), no Lago Sul.
O discurso de Bolsonaro contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a repetição de uma promessa feita durante a semana de que distribuiria fuzis para fazendeiros enfrentarem “invasores” de terra não foram suficientes para garantir uma liga entre o candidato e o setor. “A gente quer segurança. A gente não quer uma pessoa que traga mais insegurança”, afirmou o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), que foi um dos poucos parlamentares a usar o púlpito montado na sede da FPA para falar.
[…] Em entrevista, Bolsonaro reclamou que um deputado, referindo-se a Sávio, o tinha chamado de radical e que 90% dos presentes tinham sido receptivos. “Quero ver se esse vaselina vai resolver o problema da violência. Ele que apresente uma solução”, afirmou Bolsonaro. “Tem de radicalizar contra o MST, mas radicalizar dentro da lei.”
Como o tucano acha que devemos lidar com o MST? Com flores? Com “assentamento”, mais ainda? Aceitando as chantagens desses revolucionários comunistas? A fala do ruralista tucano apenas demonstra que tucanos serão sempre tucanos, ou seja, pusilânimes e em cima do muro, mesmo na hora de enfrentar a corja de invasores do MST. Roberto Jefferson comentou sobre o caso:
Não “radicalizar” é o mantra do PSDB, sendo que na hora de rebater ataques dos petistas radicais, há todo tipo de concessão indevida e de esforço para ser aceito pelos supostos inimigos. Pergunto: se seu adversário é um radical disposto a te eliminar, te manter refém, te pilhar, como reagir? Com discursos vazios, retórica empolada, diplomacia? A verdade é que o PSDB não consegue abandonar sua essência esquerdista. Essa notícia comprova isso:
A convite de um grupo da esquerda tucana lideranças do PSDB, PT, PSB, PSD, PPS e PV vão se reunir sábado, 2, em São Paulo, para tentar buscar pontos em comum em defesa da democracia, direitos humanos e contra o avanço da “pauta autoritária e conservadora”.
O evento batizado “Manifesto de Convergências pela Democracia e Direitos Humanos” foi convocado pelo grupo PSDB Esquerda Pra Valer em parceria com o Instituto Teotônio Vilela (ITV) e deve reunir além de tucanos como os ex-ministros José Serra e José Gregori, o presidente do ITV José Anibal, o presideente interino do PSDB, Alberto Goldman, o vereador petista Eduardo Suplicy, Aldo Rebelo (PSB), Eduardo Jorge (PV), Andrea Matarazzo (PSD) e Arnaldo Jardim (PPS).
Convidar PT e PSOL para um evento é o cúmulo mesmo! E não adianta alegar que se trata de uma ala minoritária do partido: se não foram expulsos até hoje, é porque representam uma parcela do pensamento tucano. De nada adianta fazer como Elena Landau e mandar cartas criticando a postura do partido:
Quando cheguei na frase ‘nem estado mínimo, nem máximo, estado musculoso’, quase parei ali. Não é possível um documento dessa responsabilidade como uma frase dessa. Não acreditei. É cheio de platitudes, um discurso velho. Como pode um partido cuja a marca é a qualidade dos seus quadros técnicos e economistas apresentar um trabalho tão fraco como esse? Eu, Edmar (Bacha), Persio (Arida) acabamos de fazer um manifesto com muito mais ideias de debate para o futuro. Esse documento é uma coisa atrasada.
Ora, a única postura coerente diante de tanta covardia e esquerdismo é pular fora, sair, fazer como Gustavo Franco fez e ir para o Novo, um partido realmente liberal. Permanecer no PSDB é aceitar essa trajetória de concessões covardes aos radicais de esquerda, é considerar a “onda conservadora” uma ameaça maior do que a volta do PT ao poder, é achar que combater os invasores do MST com a força da lei e, se for o caso, com fuzis é “radical demais”.
Ser tucano é, enfim, ser tucano, ter falta de estamina no corpo, pedir desculpas ao algoz, bancar o tolerante, mas só com a extrema-esquerda, fingir-se liberal quando interessa, mas defender uma pauta totalmente “progressista” e “igualitária”. O PSDB, num país sem direita, gozou por muito tempo da condição de única alternativa aos mais esclarecidos, reféns da hegemonia de esquerda. Acomodaram-se.
É um fenômeno análogo ao que vemos na imprensa, como no caso da Veja. Por falta de uma opção realmente à direita, ela sempre foi a “direita” possível, e então considera esse público cativo e acena à esquerda para “ampliar sua base de assinantes”. O resultado é terrível, até porque hoje temos opções legítimas, como a Gazeta do Povo.
Alexandre Borges, publicitário, resume: “É como um marido que já tem a esposa ‘garantida’ e resolve ampliar o mercado, flertando com a vizinha”. Até a esposa sacar e der um pé na bunda do malandro. O PSDB que se assuma logo de esquerda, pois a direita, liberal ou conservadora, já tem alternativas. Não dá mais para aturar essa postura covarde!
Rodrigo Constantino