Edmar Bacha é o economista que cunhou o termo Belíndia para se referir aos dois “países” que existem dentro do Brasil, a Bélgica e a Índia. Os tucanos, assim como os democratas aqui nos Estados Unidos, têm certa obsessão pelo tema desigualdade, pois como toda a esquerda assumem que há um bolo fixo que precisa ser “melhor distribuído”. São os fãs de Piketty, marxistas em essência, ainda que mais evoluídos (eles “até” aceitam o mercado).
Em sua coluna de hoje, Merval Pereira, um jornalista com perfil de tucano, fala sobre um novo livro que traz “soluções” para o “problema” da desigualdade. E Bacha comenta com tom de aprovação. A saída, claro, é mais impostos. Tucanos sendo tucanos. São tarados por impostos, a ponto de ser justo chama-los de “estado-afetivo”, que é para não ofender ninguém. Diz Merval:
Outro livro publicado pela Princeton University Press, denominado “Mercados radicais: desenraizando o capitalismo e a democracia para uma sociedade justa”, do economista da Microsoft e da Universidade de Yale Glen Weyl e do jurista da Universidade de Chicago Eric Posner, trata da desigualdade de maneira mais radical.
Foi motivado pelo contraste que constataram visualmente entre a riqueza do Leblon e a pobreza da Rocinha. Bacha adverte que eles temem que os países industriais também estejam caminhando nesse sentido, numa espécie de Belíndia mundial, numa alusão ao país imaginário que criou nos anos 1980 para ressaltar a desigualdade brasileira, que tem traços de Bélgica com a pobreza da Índia, pedaço este que cresce mais intensamente do que a prosperidade da parte belga de nosso país.
Os economistas propõem no livro superar a propriedade privada tal como a conhecemos, que identificam com o monopólio. Mas eles não propõem o Estado substituir os capitalistas, advertiu Edmar Bacha. “Buscam, sim, dissociar a propriedade privada do mercado, e aí está a grande novidade do livro”. Sua proposta consiste em que os proprietários de bens de capital (terras, máquinas, estruturas) tenham que declarar em registro público os preços desses bens.
Sobre os valores declarados, pagariam um imposto semelhante ao IPTU, a uma taxa média de 7% ao ano. Esse imposto sobre o capital geraria uma arrecadação de cerca de 20% do PIB, suficiente para garantir uma renda básica digna a todos os cidadãos. Mais importante, destaca Bacha: ao preço declarado, qualquer pessoa poderá deles comprar os bens de capital, uma maneira de obrigar os proprietários a declarar o preço honesto dos bens, em vez de desvalorizá-los para pagar menos imposto. Edmar Bacha indica que esse livro, no objetivo de repensarmos o capitalismo, rivaliza com o best-seller de Thomas Piketty, “O capital no século XXI”.
Criar uma espécie de IPTU sobre o capital para arrecadar até 20% do PIB? Ciro Gomes sorriu, e Monica de Bolle aplaudiu. Se é para o estado avançar ainda mais sobre o bolso de quem cria riquezas essa turma será sempre a favor. Não sei em que mundo eles vivem, mas no mundo em que eu vivo não está nenhuma moleza conseguir 7% de retorno real sobre o capital. E eles querem que o estado abocanhe essa fatia todo ano de quem acumulou capital e precisa investi-lo para gerar retornos…
Tucano é um socialista que entendeu a necessidade de não matar de vez a galinha dos ovos de ouro, ou seja, um marxista em essência que precisa engolir a existência do mercado. Mas sua essência é estatizante, não tem jeito. São esquerdistas com terno caro e fala mansa, mas ainda assim esquerdistas. São os democratas do Brasil, lembrando que os democratas são os “liberais progressistas”, i.e., a esquerda americana. Que essa gente seja chamada de “neoliberal” ou direita em nosso país é prova da completa decadência do debate político-econômico no Brasil.
Rodrigo Constantino